Cacerense pode ter sido morto por homofóbicos
Arquivo Pessoal/Facebook
Ainda com a voz muito embargada por conta da perda, Erica disse que Ikaro passou o fim de semana em Cáceres, cidade onde moram seus parentes, voltou no domingo, saiu segunda-feira para trabalhar e não voltou mais. Desesperada, sem saber o paradeiro do amigo, Erica começou uma procura por hospitais até chegar ao Instituto Médico Legal (IML).
“Foram dois dias sem ele voltar para casa. Eu liguei para prima dele e avisei que o Ikaro estava desaparecido. Nós duas fomos procurá-lo juntas. Fomos ao pronto socorro e no IML e não encontrei ninguém, porque eu procurava como pessoa não identificada, pois ele andava sem carteira. Quando a atendente perguntou o nome dele e eu respondi, ela disse que havia sido encontrado morto e precisava de alguém da família para liberar o corpo”, conta a jovem que entrou em desespero ao saber da morte do amigo.
O corpo de Ikaro foi encontrado à margem do rio Cuiabá com a cabeça totalmente deformada. Ele foi espancado até a morte. Policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) acreditam que a morte tenha sido conduzida por mais de uma pessoa, pois até a orelha da vítima estava arrancada devido aos golpes.
“Espancaram e mataram meu amigo sem ninguém saber o motivo. Ele era negro e homossexual, acho que esses foram os motivos primordiais para esse crime. Ele foi velado de caixão fechado porque o rosto dele estava desfigurado. Não é droga, como já disseram por ai”, contou.
Érica disse ainda que o corpo de Ikaro foi encontrado apenas com a carteira de trabalho e o crachá da empresa em que era funcionário em Várzea Grande. Por enquanto, a DHPP trata o caso como um homicídio por espancamento sem suspeito.
Porém, o delegado Silas Tadeu Caldeira, garante que o caso será investigado e o autor do crime será procurado. O laudo do IML deve ser divulgado num prazo de 30 dias, até lá a família e amigos ficam sem resposta do caso. O corpo de Ikaro foi sepultado na quarta-feira em Cáceres.