Primeiro título brasileiro do Flamengo completa 35 anos
Por Pedro Lacerda
1º de junho de 1980. Essa data marcaria o início de uma década de ouro do futebol do Flamengo. Neste dia, diante de 154.355 espectadores que foram ao Maracanã, Zico e companhia garantiram a festa da imensa massa no segundo e decisivo jogo da final do Brasileirão daquele ano, contra o Atlético-MG. O Rubro-Negro venceu por 3 a 2 o rival mineiro, que contava com o craque Reinaldo, e levantou a taça de campeão brasileiro.
O primeiro encontro entre cariocas e mineiros para decidir o Brasileiro de 1980 aconteceu no Mineirão, no dia 28 de maio. O confronto, que terminou com a vitória do Galo por 1 a 0, gol de Reinaldo, teve um lance polêmico: Palhinha teria agredido Rondinelli. O “Deus da Raça” teve afundamento no maxilar, passou por cirurgia e desfalcou o time no segundo jogo. Era o bastante para inflamar os jogadores rubro-negros e encher o segundo jogo de rivalidade.
Andrade, titular nas duas partidas decisivas, em depoimento ao livro “1981: o ano rubro-negro”, de Eduardo Monsanto, falou sobre o ocorrido.
“Ali começa a rivalidade entre Flamengo e Atlético. No jogo de Belo Horizonte, o Palhinha empurra o Rondinelli de encontro à trave, e o Rondinelli tem afundamento de maxilar. Tudo começa por aquele situação que aconteceu com o Rondinelli”, disse.
Na segunda partida, os jogadores rubro-negros fizeram um pacto: venceriam a peleja em homenagem ao companheiro. Com Zico de volta ao time (o camisa 10 ficou de fora do primeiro confronto por conta de lesão), a confiança estava em alta. E ela ficaria ainda maior quando, aos sete minutos, o craque deu lindo lançamento para Nunes. O “João Danado”, em apenas um toque, tirou do goleiro João Leite e abriu o placar. Festa no Maracanã!
Contudo, não houve tempo para comemorar. Um minuto depois, Reinaldo, sempre ele, mesmo cercado por três, conseguiu finalizar para o gol. A bola desviou nos marcadores e enganou o goleiro Raul, que nada pôde fazer. Quando parecia que o resultado do primeiro tempo seria o empate, Zico tratou de guardar o dele. Júnior chutou, mas a bola parou no camisa 10 da Gávea no meio do caminho. O “Galinho de Quintino” dominou e bateu sem chances para João Leite, aos 44.
Na volta do intervalo, o Galo foi valente e buscou o empate. Aos 21, Éder cruzou da esquerda e Reinaldo, sem deixar a bola cair, tocou de primeira. Raul ainda resvalou na bola, mas ela morreu no fundo das redes rubro-negras. Tudo igual novamente. Por ter vencido a primeira partida, o empate dava o título ao time mineiro. Reinaldo, que jogava contundido, abusou da cera e acabou sendo expulso, deixando o Atlético com um a menos. Foi aí que a estrela de Nunes brilhou.
“Eu assumi a responsabilidade. Dei o drible na perna de apoio do Silvestre (zagueiro do Atlético) e fui tocando a bola em direção ao gol. O João Leite foi saindo, achando que eu ia cruzar. Ele já estava caindo e eu encobri. Foi um gol consciente, com muita frieza dentro da área. Era o momento de decidir. Aí foi só correr para a Nação, comemorar junto e agradecer a Deus”, declarou no livro “1981: o ano rubro-negro”.
Faltando oito minutos para o término da partida, o “Artilheiro das Decisões” fez jus ao apelido e marcou o terceiro gol, que deu o título ao Flamengo. Como tinha feito melhor campanha na semifinal (duas vitórias contra uma vitória e um empate do Atlético), o resultado dava o caneco ao clube carioca. Euforia total e invasão de campo no Maracanã. O Rubro-Negro conquistava seu primeiro título nacional, que elevava a equipe de patamar no futebol brasileiro e culminaria nos títulos da Libertadores e mundial em 1981, além dos Brasileiros de 1982 e 1983.
Fonte: esporteinterativo