Empresa investigada recebe R$ 22 milhões do governo Taques
A empresa Encomind, vendida à Guache Construtora por Rodolfo Aurélio Borges Campos, mesmo investigada pela Polícia Federal e Ministério Público Federal -, acusada de pagar propina a agentes públicos, continua sendo recebida com tapete vermelho no Palácio Paiaguás.
Pedro Taques, eleito com a promessa de moralizar o estado e combater a corrupção e corruptores, realizou nos primeiros cinco meses de gestão, empenhos à empresa investigada no valor de R$ 22.401.891 milhões, não se sabe quantos cafezinhos depois.
Somente em abril Taques pagou a encomind R$ 10 milhões, um tratamento diferenciado para uma empresa acusada, entre outras coisas, por pagar ao ex-secretário de Fazenda que se encontra preso, Éder Moraes, propina na ordem de R$ 11 milhões.
A Encomind também foi denunciada pelo Ministério Público Federal ter recebido precatórios de R$ 112 milhões entre os anos de 2008 e 2010, nas gestões dos ex-governadores Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB).
De acordo com as investigações, parte dos pagamentos serviram para abastecer um “banco clandestino” operado pelo empresário Gércio Marcelino Mendonça Junior, o “Junior Mendonça”, e também pelo ex-secretário Éder Moraes Dias.
A relação do hoje governador Pedro Taques com Rodolfo Campos vem desde que ele era senador. Em interceptação telefônica da Polícia Federal, Taques chamou o empresário no dia 11 de dezembro de 2011 para tomar cafezinho em seu escritório, conforme consta em documento confidencial do MPF.
A investigação parece não ter abalado a relação entre ambos, ao contrário, os cafezinhos reservados devem produzir o efeito mágico de acalmar os ímpetos moralistas e investigatórios do governador que se elegeu prometendo destampar a panela.
O curioso é a complacência do Ministério Público, que em maio de 2009, abriu investigação contra o então governador Blairo Maggi por conta de um empenho no valor de R$ 12.386 milhões a empresa de Rodolfo Campos. O valor pago por Maggi corresponde a metade do que Taques empenhou. E às favas as investigações!
O contato com o empresário investigado não é a única citação a Taques nos autos da Ararath. Em 19 de fevereiro de 2014, a PF fez buscas nas residências de um de seus aliados políticos em busca de provas do esquema de crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Os agentes federais vasculharam a casa de Fernando Mendonça, que foi o maior doador da campanha de Pedro Taques nas eleições de 2010 e tinha a filha Ariane Victor de Matos Mendonça, acusada de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais, trabalhando em seu gabinete em Brasília.
Taques disse através de sua assessoria, na época em que estourou o escândalo, que “conhece Rodolfo Campos há anos”. Além de serem amigos, e para além de tomar cafezinho com convite um tanto quanto íntimo em seu escritório, Taques se defendeu dizendo que o encontro era para tratar de temas ligados ao segmento da construção civil no Estado.
Na ‘Era da trasnformação’, a construção civil vai bem, obrigado!
Até o momento não se tem notícia sobre as investigações contra a Encomind, ou pelo menos o cafezinho deve ter feito esquecerem do assunto. Enquanto isso ela continua sendo privilegiada no atual governo, inclusive passando à frente de todas as outras.
Não se pode negar que o governo Taques seja mesmo ‘bom pagador’, especialmente para empresários investigados que tomam cafezinho em seu gabinete.
Caldeiraopolitico