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Atraídos pela Copa, haitianos esbarram na burocracia e decepção

aaaMais de 2,7 mil haitianos desembarcaram em Cuiabá, principalmente em 2014. A maioria deles, atraída pelas oportunidades de trabalho geradas pela Copa do Mundo. Deste total, apenas 751 estão devidamente registrados na Polícia Federal, na Capital.

Com o fim do Mundial de Futebol, o tão esperado sonho de mudança de vida está ficando cada vez mais distante da realidade.

Hoje, eles perdem emprego em massa. Muitos têm seguido viagem até o interior do Estado, para tentar novas oportunidades, já que na Capital vários enfrentam dificuldades de contratação.

O interessante é que, mesmo com as dificuldades, o movimento de migração não para. Cuiabá recebe aproximadamente cerca de 20 a 30 haitianos por dia.

A sexta-feira (11) foi o dia da chegada de Enes Hils Aine, de 27 anos. Noivo, ele diz que veio ao Brasil na esperança de ganhar a vida e, finalmente, casar. Sua noiva ficou em Porto Príncipe (capital do Haiti), à sua espera.

“Eu vim para o Brasil porque aqui nós podemos trabalhar. Tenho uma vontade de ter uma vida melhor e finalmente construir a minha família”, disse ele, com certa dificuldade de se comunicar. Além de dialetos, a língua falada no Haiti é o francês.

Já com o auxílio de uma intérprete, foi possível conversar com a também recém-chegada Ema Coeletes, 33 anos. Ela contou que era camareira no seu país e veio sozinha para o Brasil, deixando três filhos aos cuidados da irmã.

“Eu vim e logo devo trazer os meus filhos e minha família”, disse, bastante sorridente, alimentando a esperança em futuro melhor.

Mas, infelizmente, as coisas não são tão positivas para os imigrantes.

É o que revela Elaiana Vitaliano, coordenadora da Pastoral do Migrante – primeiro refúgio dos haitianos ao chegarem a Cuiabá.

“Hoje, temos duas mulheres que estão indo embora porque não conseguiram trabalho. Na verdade, muitos deles vêm iludidos por uma propaganda que foi disseminada no país deles e, quando chegam aqui, a realidade não é tão simples quanto eles pensam”, disse.

A coordenadora ainda lembrou que o choque cultural é muito forte e que eles não esperam e não estão tão abertos às diferenças.

“Eles não entendem que aqui em Mato Grosso nós temos como principal meio de vida a agricultura. Eles pensam que vão chegar e trabalhar em grandes fábricas. Então, quando se deparam com outra realidade, fica bastante complicado para a aceitação”, afirmou.

Com toda esta realidade enfrentada por eles, a tão sonhada mudança de vida pode esbarrar em decepções e um retrocesso.

Mídia News

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