Jayme retira assinatura e inviabiliza criação de CPI da Copa do Mundo
Após colocar seu nome no requerimento que criava a CPI mista da Copa do Mundo no Congresso Nacional e depois retirar a assinatura, o senador por Mato Grosso Jayme Campos (DEM) foi criticado nesta quarta-feira (21) pelo deputado Izauci Lucas (PSDB-DF), autor do pedido.
O tucano afirmou ao Repórter MT que havia coletado 28 assinaturas para criação da CPI, que visava investigar possíveis irregularidades no uso de recursos públicos federais nas obras para a Copa do Mundo de 2014. O requerimento falava em “superfaturamento de estádios” e de suspeitas em obras de infraestrutura. Além de Jayme, impediram a criação da comissão: Zezé Perrela (PDT-MG), João Durval (PDT-BA) e Clésio Andrade (PMDB-MG).
“Há fortes indícios de fraudes. Por incrível que pareça, o senador Jayme, que é da oposição, retirou a assinatura. Foi o posicionamento que eu mais estranhei. A questão dos aeroportos, estádios, são muitas as possíveis irregularidades. Há um discurso de que não há dinheiro público, mas Mato Grosso, inclusive, pegou mais de R$ 1 bilhão de incentivo fiscal”
“A pressão do Ministério dos Esportes foi muito forte. O Governo está manipulando o Senado e a prova disso foi a retirada das assinaturas. O Governo Dilma Rousseff (PT) trabalha para não apurar absolutamente nada. O Jayme Campos me surpreendeu porque a oposição assinou por unanimidade. Todos assinaram por livre e espontânea vontade, inclusive os deputados que se intitulam independentes. O choque é ainda maior por ser um senador do DEM, que é oposição”, disparou o deputado do Distrito Federal.
Como alternativa para evitar a prática, Izauri disse que irá apresentar na Câmara Federal um projeto de lei que regule a retirada de assinaturas do Congresso. “Estou apresentando um projeto para dificultar essa prática, porque tem muitos parlamentares que usam essa prerrogativa para negociar com o Governo”, disse ele.
Em Mato Grosso, a principal obra para a Copa é a Arena Pantanal, que recebeu quatro aditivos desde seu início. O valor contratado pelo Governo com a Mendes Júnior inicialmente foi de cerca de R$ 342 milhões. Considerando os aditivos, o valor atual do contrato com é de R$ 540 milhões. Ainda assim, o estádio apresenta atraso que varia entre 30 e 60 dias.
A reportagem tentou manter contato telefônico com o senador Jayme, mas até a edição deste material ele não retornou às ligações.