Três anos após o “The Voice”, cuiabana lança seu primeiro CD
A insegurança e o medo eram características da jovem de 18 anos, ao cantar pela primeira vez para todo o país, enquanto era avaliada por técnicos em audição às cegas.
Aos 21 anos, segura de si e focada na carreira, a cantora Ana Rafaela, uma das semifinalistas da primeira edição do “The Voice Brasil”, na TV Globo, prepara o lançamento de seu primeiro álbum, intitulado “Cantos”.
Pertencente a uma família sem grandes condições financeiras, a jovem tem os pés no chão quando o assunto é a carreira musical.
Nascida em Cuiabá, a cantora é neta do saxofonista China, ícone na música regional, e filha de um percussionista, que trabalha como motorista particular. Um dos primos da jovem também é cantor, completando a família de músicos.
O primeiro CD de Ana Rafaela foi produzido com incentivos do Programa de Ação Cultural (ProAC) do Estado, que aprovou o projeto e concedeu R$ 20 mil para a realização do álbum.
De maneira independente, sem pertencer a nenhuma gravadora, as 12 faixas do disco são inéditas, algumas compostas pela própria Ana Rafaela.
“É um passo muito importante na carreira, é como se fosse o meu cartão de visitas. As pessoas vão poder me conhecer através das músicas do meu CD”, comemorou, em entrevista ao MidiaNews.
A produção do disco durou dois anos, período em que foram escolhidas as músicas e os detalhes da nova fase da carreira da cantora.
As músicas foram escritas com base em experiências vividas por Ana Rafaela. Ainda há composições do violonista da banda da artista, João Reis, e do namorado e produtor da jovem, Thyago Mourão.
Algumas das composições escritas cantora foram feitas durante a adolescência, entre 13 e 14 anos.
“Escrevi a respeito de algumas fases da minha vida e sobre relacionamentos em geral. O amor, de uma maneira abrangente. As músicas retratam o inicio do namoro, o momento de calmaria e a tristeza do término”, contou.
Apesar de escutar todos os ritmos, Ana Rafaela define o estilo de suas músicas como pop e se inspirou em produções estrangeiras para a produção do disco.
Os cantores Maurício Detoni e a cantora Ellen Oléria, vencedora da primeira edição do “The Voice Brasil”, participam de faixas do álbum.
“A Ellen veio a Cuiabá somente para a gravação da música. Ela ficou o dia inteiro com a gente e elogiou a produção. Espero que essa parceria se estenda, a gente pretende trazer shows dela pra cá”, disse.
A tiragem inicial é de mil discos, que serão vendidos nos shows de lançamento, nos dias 12 e 13 de setembro.
Futuramente, deverão ser disponibilizados para compra no novo site da artista.
As faixas também poderão estar disponíveis para download na internet, alguns meses após o lançamento oficial.
“Quero que os CDs acabem logo e todo mundo compre. Tá um disco muito bonito, de alta qualidade. Apresentei a várias pessoas e produtores de outros estados e eles gostaram. É um trabalho que quero expandir para o Brasil inteiro”, afirmou, sem esconder o entusiasmo.
Apesar de classificar a produção como pop, Ana Rafaela revela que o disco possui mistura de diversos estilos musicais.
“Tem um pouco de soul music, reggae pop, rock, samba-funk e músicas românticas”, explicou.
The Voice
Três anos após participar da primeira edição do “The Voice Brasil”, a artista cuiabana acredita que o reality musical transformou sua carreira e seus objetivos.
Apesar de ter sido eliminada nas semifinais da competição, ela conseguiu aproveitar as oportunidades oferecidas pelo programa de TV.
“Mudou muita coisa na minha vida, desde que participei do ‘The Voice’. Mudaram as responsabilidades, a preocupação com a minha imagem, os fãs que ganhei no programa e todo o aprendizado que adquiri”, disse.
Aprendizados sobre produção musical, show business, desenvoltura diante das câmeras e como se portar durante uma entrevista, foram outros itens que a cantora revela ter aprendido durante os meses em que participou da disputa musical.
“Em uma semana, me ligavam jornalistas de diversos veículos e, de repente, me vi num mundo midiático. Eu ia almoçar no shopping e várias pessoas pediam para tirar fotos comigo. Dá um ‘start’, me perguntei o que era preciso para ser visto como uma artista, não somente uma celebridade”, observou.
O título de “ex-The Voice” não incomoda a cantora cuiabana, que se orgulha de ter participado do programa. Porém, tamanha repercussão também trouxe deveres.
“Essa visibilidade do The Voice também trouxe responsabilidade: tenho que manter uma imagem saudável. Não vou fazer ‘bafão’ pra aparecer na mídia”, justificou.
Apesar de manter proximidade com algumas participantes de sua edição, Ana Rafaela conta que, apesar de ainda manter comunicação, não é muito próxima da sua técnica durante a competição, a cantora Cláudia Leitte.
“A Cláudia é muito ocupada, mas a gente mantém um contato bem bacana. Quando ela fez show aqui, depois do ‘The voice’, cantei com ela. No meu aniversário, publiquei um vídeo de homenagens e ela compartilhou”, disse.
“Por morar em Cuiabá, não tenho tanto contato com a Cláudia Leitte. Mas, do jeito que pode, ela me ajuda”, completou.
Apesar de toda a repercussão trazida pelo programa, os cantores que participam do reality musical não costumam conseguir grande destaque na mídia após a competição.
Bastante consciente, a jovem não teve grandes frustrações com a pouca visibilidade conquistada após o “The Voice Brasil”.
“Enquanto a gente está participando, é uma vitrine, todo mundo acompanha e torce. Quando acaba, não há mais aquela luz da Rede Globo, com divulgação em sites e televisão. Não é todo mundo que consegue parcerias para iniciar uma carreira”, comentou.
Carreira em Cuiabá
Mesmo com o reconhecimento conquistado em todo o Brasil, Ana Rafaela escolheu permanecer morando em Cuiabá.
Em razão do lançamento do “Cantos”, a cantora tem o sonho de viajar por todo o país.
“Por causa do lançamento do CD, pretendo ir pra outros municípios de Mato Grosso e também para outros estados. O trabalho precisa circular. Pretendo levar meu nome para todo o Brasil e mostrar que nosso Estado também faz arte”, disse.
A artista explicou que as dificuldades de incentivo à cultura em Mato Grosso são os maiores empecilhos encontrados por quem vive de arte no Estado.
“Por mais que tenhamos poucos teatros e estúdios musicais, o artista precisa de patrocínio para se manter. É necessário apoio da iniciativa privada”, afirmou.
As dificuldades para se manter com música na capital mato-grossense foram sentidas pela jovem logo após sair do reality musical.
“Depois do ‘The Voice’, me vi um pouco perdida, não tinha muito para onde ir. Fiz alguns eventos, como casamentos, aniversários e festas empresariais, mas nada que destacasse o meu nome”, lamentou.
A maior apresentação musical realizada pela cantora, após participar da competição, foi no Peru. Ela foi chamada pela Fifa, durante o período da Copa do Mundo, para apresentar músicas típicas da região aos moradores do país.
“Cantei rasqueado durante uma apresentação no Peru, para mostrar a cultura do Brasil”, contou.
Apesar de possuir uma equipe que auxilia nas produções de seus shows e vídeos, incluindo maquiagem (Camila Pacheco), cabelo (Rafael Batistela) e figurino (Thaiane Jacob e Jane Klitzke), a cantora não tem patrocínios fixos.
“Gostaria muito de ter alguma empresa que patrocinasse o show e me ajudasse a circular pelo país com o espetáculo”, observou.
Mídia News