Arcanjo chega a Cuiabá sob forte esquema de segurança e fica isolado por três dias para júri de homicídios
Um esquema especial foi montado para receber o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, considerado um criminoso de alta periculosidade, neste quarta-feira (09), pela Secretária de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH). Transferido da unidade de segurança máxima em Rondônia, o comendador, como era conhecido, ficará isolado na Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá por três dias, enfrentando júri popular, por duplo homicídio, na próxima quinta-feira (10), na Primeira Vara Criminal, comandada pela magistrada Mônica Catarina Perry Siqueira.
Conforme divulgado pela assessoria de imprensa da SEJUDH, o procedimento adota para criminosos da alcunha de Arcanjo prevê um tempo máximo de três dias de transferências temporárias. Mais informações não foram divulgadas por questões de segurança.
O ex-bicheiro enfrenta-rá o Tribunal do Júri, pelas mortes de Rivelino Jacques Brunini e de Fauze Rachid Jaudy e ainda pela tentativa de assassinato contra o pintor Gisleno Fernandes. Os crimes foram registrados em 5 de junho de 2002, em plena avenida Historiador Rubens de Mendonça (avenida do CPA).
O julgamento de Arcanjo estava previstos para o dia 30 de julho. Porém, o advogado de defesa pediu desmembramento do caso, que também possui como pólos arrolados Célio Alves de Souza, capanga do comendador e Júlio Bachs Mayada, cidadão uruguaio responsável por instalar maquinas caça-níqueis em Mato Grosso.
Na ocasião da primeira parte do júri, o pistoleiro foi condenado a cumprir 46 anos e dez meses de reclusão em regime fechado. Já o uruguaio Júlio Bachs recebeu sentença de 41 anos de reclusão em regime incialmente fechado.
Arcanjo está preso na penitenciária de segurança máxima de Porto Velho (RO), pois já foi condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato do empresário e jornalista Domingos Sávio Brandão, que publicou várias denúncias contra o ex-comendador no jornal Folha do Estado. Uma manobra jurídica para anular a sentença foi negada pela Primeira Câmara Criminal, durante o mês de agosto.
Arcanjo ainda é suspeito de encomendar as mortes de Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges e Mauro Celso Ventura de Moraes e Mauro Sérgio Manhoso.
Entenda o caso:
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Rivelino Jacques Brunini era sócio da empresa Mundial Games, concessionária de máquinas caça-níqueis da organização criminosa chefiada por João Arcanjo Ribeiro, que explorava com exclusividade o ramo de jogos eletrônicos em Mato Grosso. Mesmo assim, segundo o MPE, Brunini associou-se a um grupo do Rio de Janeiro, que pretendia acabar com o monopólio de João Arcanjo no Estado. Essa seria a motivação do crime. Fauze Rachid Jaudy e o pintor Gisleno não eram alvos, no entanto, foram atingidos.
As investigações apontara que Hércules de Araújo Agostinho (condenado a 45 anos pelos crimes) se aproximou em uma moto e, utilizando uma arma de fogo de 9 milímetros, efetuou disparos contra todos. Brunini foi atingido por sete disparos e morreu na hora. Fauze Rachid e Gisleno Fernandes foram atingidos por um disparo cada um, porém Fauze Rachid não resistiu e foi a óbito.
“Em todos os homicídios, com características de crime de mando, envolvendo a chamada pistolagem, foram utilizadas armas de grosso calibre, sendo certo que as cláusulas encontradas nos locais das execuções foram consideradas compatíveis por exames periciais, apontando que os homicídios partiram de um mesmo grupo executor e possivelmente do mesmo mandante”, diz a denúncia.
Célio Alves de Souza e Júlio Bachs Mayada, já condenados, teriam dado suporte à Hércules de Araújo.
Olhardireto