Mãe nega que tenha forjado sumiço de criança para chamar atenção de ex-marido: “As pessoas me xingam na rua”

Rubia Juliana Pereira Duarte, de 29 anos, foi ouvida na manhã desta terça-feira (29), pelo Conselho Tutelar do Planalto, em Cuiabá. Em entrevista ao Olhar Direto, concedida no local, ela negou que tenha forjado o sumiço do filho para chamar atenção do ex-marido. Além disto, Rubia voltou a confirmar que Miguel sumiu e foi encontrado só 40 minutos depois e se mostrou assustada com a situação: “Acabaram com a minha vida, as pessoas me xingam e eu recebo ameaças a todo tempo”.

“Eu realmente perdi meu filho no Parque Mãe Bonifácia, mas isso foi à tarde, era por volta das 17 horas. Depois de um tempo, eu encontrei o Miguel do outro lado do parque. Porém, antes, no desespero, eu joguei em um grupo de amigos meus, em momento nenhum eu falei que meu filho foi sequestrado. Mandei para os meus amigos, para que se conhecessem alguém que estava no local e visse a criança, saber que era minha”, explicou Rúbia ao Olhar Direto.

A mãe de Miguel ainda negou que tenha forjado o sumiço para chamar atenção: “Estão falando que eu fiz isso para chamar atenção do pai dele. Eu não tenho essa intenção, ele nem é daqui, é de Campo Grande (MS), não tem convívio nenhum com meu filho. Só viu o Miguel recém-nascido. Se eu quisesse chamar atenção, eu teria mandado para ele, diretamente. O pai do Miguel só ficou sabendo igual a todo mundo, através das redes sociais. Pode olhar no meu Facebook, eu não coloquei nada lá”.

Rubia diz que tentou avisar os amigos que havia encontrado o menino, mas não conseguiu: “Encontrei meu filho dentro do parque e fui atrás de duas pessoas para poder jogar no grupo, porque eu fiquei sem celular, ele travou, congestionou com o tanto de ligações e mensagens que recebi no Whatsapp. Queria que eles ficassem despreocupados, pois eu já tinha encontrado o Miguel. Só que não tivesse acesso a esses dois amigos meus”.

“Como o Miguel e eu estávamos cansados, pra mim aqueles 30 ou 40 minutos foram uma eternidade, resolvemos dormir e descansar. Fui para casa, dei banho, mamadeira e dormimos. Eu acordei com meus familiares derrubando a minha porta. Eles estavam nervosos, chorando, eufóricos. Ninguém falava nada com nada. Fui até uma prima minha que estava mais calma e perguntei o que estava acontecendo. Ela falou que eu tinha jogado na rede social, que o Miguel havia sido sequestrado e que sumi. Em hipótese nenhuma eu fiz isso”, relatou Rúbia.

A mulher ainda negou os boatos que surgiram a respeito do caso: “Inventaram muita coisa, disseram que eu faço uso de remédio controlado. Falaram que o meu filho foi estuprado, que eu levei ele para fazer ritual de magia negra. Uma coisa me serviu de lição. O mesmo poder que as mídias sociais tiveram para o bem, também tiveram para o mal. Isso me prejudicou muito, onde eu passo tem pessoas me xingando sem saber o que aconteceu”.

Rubia afirma que: “As pessoas estão me ameaçando. Por onde eu passo eu sou xingada. Não estou mais saindo com o Miguel. Falaram que eu o expus, mas não é verdade. Em momento algum eu coloquei a foto do meu filho nas redes sociais. Eu coloquei a foto dele dentro do meu grupo particular, apenas isso. A única coisa que eu divulguei foi a foto dele com o casaco laranjado, onde está escrito ‘acabei de perder meu filho no Parque Mãe Bonifácia’. Nunca disse que havia sequestro”.

Por fim, ela pede que a situação sirva de lição: “O Miguel ficou muito assustado com a situação. Eu não estou expondo ele porque já fizeram isso. Eu estou evitando sair com ele, que está ficando mais com meus familiares. Quero pedir para que tomem cuidado com a tal da internet, redes sociais. Acabaram com a minha vida, eu recebo ameaças a todo tempo, pessoas me xingam. Não saio mais de casa. Ontem, uma criança de 10 anos me xingou no meio da rua. As pessoas que não tem uma roupa para lavar começaram a falar coisas que não existem, sem saber o que tinha acontecido. Que isto sirva de lição para mim e para todos”.

Agora, Rúbia será avaliada por um psicólogo do Conselho Tutelar e todas as informações serão enviadas para o Ministério Público, que decidirá se prossegue com a denúncia contra a mulher.

O caso

Informações quanto ao desaparecimento de uma criança, de nome Miguel, na área do Parque Mãe Bonifácia, em Cuiabá, na tarde do último domingo (27), gerou comoção. Na tentativa de tentar encontrar o bebê um grupo de pessoas se deslocou por volta das 21h para a frente do Parque, mas não houve permissão de acesso ao local. A segurança do parque informou ainda que desde o fim da tarde havia um comentário quanto ao sumiço, mas nenhuma comunicação oficial.

As primeiras informações repassadas por meio do aplicativo celular revelam que a criança, supostamente, estaria jogando futebol com a mãe que o teria deixado sozinho para buscar uma bola. Quando a mulher retornou ao local não mais encontrou o bebê. Supostamente, ele teria sido levado do local por um homem.

Diversos órgãos de segurança pública, contatados pela reportagem do Olhar Direto durante a noite de ontem, informaram que a situação de sequestro não havia sido registrada e que estavam sabendo apenas dos boatos que circulavam pelas redes sociais. A reportagem ainda ligou inúmeras vezes para o número celular atribuído a mãe do bebê, mas as ligações foram direcionadas para a caixa de mensagem.

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