Polícia

Instrutor de tiro e psicóloga ofereciam ‘pacote’ para pessoas tirarem registro de arma mais fácil

sO delegado da Polícia Federal, Marco Aurélio Faveri, disse nesta sexta-feira (16), que o instrutor de tiro, a psicóloga e donos de lojas de armas no interior, que foram pegos na operação ‘Ineptus’ – deflagrada nesta manhã – ofereciam ‘pacotes’ para que os cidadãos comuns conseguissem tirar o registro de arma de forma mais fácil. Ao todo, sete pessoas foram conduzidas coercitivamente para prestar depoimento. Ao todo, onze armas devem ser apreendidas. Os crimes seriam praticados nas cidades de Tangará da Serra (MT), Sapezal (MT) e Nobres (MT), com mais incidência na primeira.

“Nós verificamos que existe uma associação criminosa, composta por um instrutor de tiro, uma psicóloga e comerciantes de armas, que se utilizavam de documentos falsos para obter o registro de armas que eram vendidas por estas lojas. Os clientes eram pessoas comuns que tentavam adquirir as armas e lá, eles utilizavam estes documentos falsos para ‘acelerar’ o processo”, disse o delegado.

Ainda conforme o delegado, a psicóloga era cadastrada para efetuar os exames psicológicos em Cuiabá, mas estava exercendo esta atividade em todo o Estado, sendo que em outros municípios em que ela não poderia atuar, existem outros profissionais credenciados pela Polícia Federal. A mesma coisa serve para o exame prático de tiro, onde os acusados usavam estandes não autorizados pelo Exército Brasileiro.

“Ao apresentar a documentação perante a Polícia Federal eles mencionavam que estava tudo certo, sendo feito regularmente, o que nós constatamos que não era verdade. Eles vão ser indiciados por uso de documento falso e associação criminosa”. Os sete conduzidos coercitivamente são: o instrutor de tiro, psicóloga, proprietários e funcionários das lojas de armas. Nenhum deles teve o nome divulgado.

As armas apreendidas nesta operação são de uso comum e permitido. A psicóloga e o instrutor de tiro foram descredenciados pela Polícia Federal no curso das investigações. Ao todo, 11 armas devem ser entregues nesta sexta-feira. Possivelmente, outras armas devem ser recolhidas no decorrer das investigações.

“Os clientes que adquiriram as armas nestas condições estão sendo intimados a entregar elas e o registro para a Polícia Federal. A partir do momento que o registro é inválido, eles estão cometendo o crime de posse ilegal de arma. Portanto, devem procurar a regularização o quanto antes”, explica o delegado Marco Aurélio.

O esquema

Conforme o delegado, o cidadão comum chegava na loja de armas e lá já era prestado todo um serviço de ‘assessoria’. Era um pacote completo vendido. Sem a pessoa saber, eram utilizados documentos falsos para enganar a Polícia Federal. Existia a venda da arma, utilização de despachante para trazer os documentos e o instrutor de tiro. “Isso é uma temeridade, o instrutor é familiar do vendedor da arma. Sendo que ele tem de ser uma pessoa isenta que deve ensinar o manuseio da arma e avaliar se a pessoa tem capacidade de ter uma para si. O comerciante não tem interesse que o cliente dele seja reprovado. O mesmo acontecia no teste psicológico”, finalizou.

Operação

A Polícia Federal em Mato Grosso deflagrou na sexta-feira (16), a operação ‘Ineptus’, que tem como objetivo desarticular associação criminosa voltada ao comércio ilegal de armas de fogo e munições, utilizando-se de documentação falsa para obter o registro federal de armas. Ao todo, de acordo com assessoria do órgão em Mato Grosso, foram emitidos oito mandados de buscas e apreensões, sete conduções coercitivas e 11 intimações para entrega das armas de fogo adquiridas mediante a apresentação de documentos falsos, nas cidades de Tangará da Serra (MT), Cuiabá (MT), Sapezal (MT) e Nobres (MT), cujos mandados judiciais foram emitidos pela 5ª Vara da Justiça Federal de Mato Grosso.

Olhardireto

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