Comissão propõe absolver vereador acusado de agressão
A Comissão de Ética da Câmara Municipal de Cuiabá entregou, nesta semana, o relatório sobre a suposta agressão cometida pelo vereador Marcrean Santos (PRTB) contra um líder comunitário e que pede o arquivamento do caso.
O presidente da Associação de Moradores do bairro Renascer, José Carlos da Silva, acusa o parlamentar de tê-lo agredido com socos, nas proximidades do Córrego do Barbado, no bairro Pedregal, em agosto deste ano.
Após um trabalho de investigação de aproximadamente 50 dias, a Comissão de Ética da Casa, no entanto, entregou à Mesa Diretora um parecer pela absolvição do vereador.
De acordo com o vereador Toninho de Souza (PSD), que preside a comissão, não foram reunidas “provas contundentes”, que pudessem comprovar que o vereador Marcrean Santos, de fato, foi o autor dos socos que atingiram José Carlos.
“O relatório conclui pela inocência do vereador, pois não conseguimos reunir provas robustas que provassem a culpabilidade de Marcrean”, afirmou Toninho.
“A Comissão teve acesso ao laudo do Instituto Médico Legal (IML), que comprova a agressão, mas quem foi que agrediu? O José Carlos disse que foi o vereador, mas, ao mesmo tempo, aparece outra pessoa (Elton Araújo) que chama para si a responsabilidade da agressão”, completou.
Segundo Toninho, a comissão abriu prazo para que imagens da confusão fossem juntadas aos autos, o que não ocorreu.
“Falou-se que havia imagens do Ciosp, imagens de comércios localizados próximos ao local da confusão, mas não tivemos acesso a essas provas, que seriam fundamentais para concluir sobre o que de fato ocorreu”, disse.
“Daí, fica apenas a palavra de um contra outro. E, em se tratando de um processo que pode resultar na perda de mandato do vereador, não se pode tomar qualquer decisão com base em suposições e que não esteja amparada por provas contundentes”, completou o presidente da Comissão da Ética.
O relatório da comissão foi elaborado pelo vereador Ricardo Saad (PSDB) e teve o aval do presidente e do membro da comissão, vereador Adilson da Levante (PSB).
O documento já foi entregue ao presidente da Casa, Júlio Pinheiro (PTB), que será responsável por decidir se arquiva o processo ou se leva a discussão ao Plenário.
Nesta hipótese, os parlamentares poderiam discordar do entendimento da comissão e sugerir a reabertura do processo.
O caso
Em um Boletim de Ocorrência, registrado na Polícia Civil, o presidente de bairro Renascer, José Carlos da Silval, relatou que foi agredido pelo vereador Marcrean Santos.
Segundo ele, a confusão começou quando servidores da Prefeitura, que estavam realizando a limpeza do bairro, jogavam aterro em uma margem do Córrego do Barbado, do lado do bairro Pedregal, onde existe uma erosão.
Nesse momento, segundo o Silva, o vereador e o assessor dele, Elton Araújo, apareceram no local e começaram a tirar fotos.
“O maquinista me ligou e disse que tinha algo de errado porque o vereador e o Elton estavam tirando fotos e falando que eu que tinha mandado jogar entulho no córrego”, contou.
Após isso, conforme o presidente, ele foi até o local e questionou o vereador se tinha algo errado.
“Ele começou e a me acusar e eu explique para ele que, no local onde estavam jogando o aterro, tem uma erosão causada pelas chuvas e que o aterro iria somente tapar o buraco. Disse também que aquilo não tinha nada a ver comigo e sim com a Prefeitura”, afirmou.
Segundo o presidente da associação, o clima ficou tenso quando ele questionou sobre um terreno de propriedade do vereador.
“Ele construiu parte do muro dele sobre o terreno de outro vizinho, o seu Jair. Então eu disse que seria melhor ele resolver isso do que ficar discutindo. Foi quando ele partiu pra cima de mim e me deu um soco no olho esquerdo. Daí o Elton me empurrou e começou a me agredir e quando ele estava me agredindo o vereador veio e me deu outro soco que pegou na minha orelha”, afirmou.
Conforme Silva, após as agressões, o vereador e o funcionário Elton fugiram do local por conta de algumas pessoas que se aproximaram para verem a confusão.
“Holofotes”
O vereador Marcrean Santos, por sua vez, nega ter cometido qualquer tipo de agressão contra o líder comunitário.
“Ele quer ganhar holofotes em cima de mim. Ele quer ser candidato a vereador e está mentindo. Eu fui apartar a briga, mas não o agredi”, disse.
Segundo Marcrean, o funcionário público Elton Araújo, da Prefeitura de Cuiabá, foi quem brigou com o presidente de bairro.
“Eles estavam rolando no chão e eu estava passando por ali, e vi a confusão. Eu só fui apartar a briga”, disse.
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