Opinião

Apagão cibernético

Quando o sinal é interrompido por alguma falha técnica, o processo não tem redundância e sistemas computacionais entram em colapso: operações não são concluídas e a tarefa se torna um pesadelo empresarial

282bc2c5cdbd1713a73640c4582079c4Entendemos por Tecnologia da Informação o conjunto de todas as atividades providas por recursos de computação.

Desde 1946, com a invenção do ENIAC: o grande computador que economizou o trabalho de oitenta pesquisadores, o homem a cada dia se tornou mais dependente da tecnologia para as atividades do cotidiano.

Em apenas 69 anos, a revolução tecnológica permeou nossas vidas, prometendo sempre mais por menos.

Esse conjunto de expectativas, desembocou no jargão de que tempo, é dinheiro! E para ganhar dinheiro, fazer mais por menos se tornou a pedra de toque dos que procuram superar o mercado e sobreviver à dura competitividade.

Competitividade esta criada pela própria tecnologia, já que da promessa do ganho de tempo, houve a decepção fomentada pela voracidade do capital.

A capacidade de criar o novo, integrou a inovação como chave do capitalismo, adicionando uma pitada de desafio ao contexto da competitividade.

Para se destacar como inovador, premissas fundamentais como a informação tornou a comunicação  o ativo mais precioso para compor o processo de produção empresarial.

A primeira rede de comunicação teve inicio na época da guerra fria, depois que a União Soviética lançou o satélite Sputnik: como contra-ataque a Agência Americana de Projetos de Pesquisa Avançada foi criada, e em 1975 o protocolo RFC 685 foi apresentado.

Propondo a comunicação em diversos pontos através de um protocolo de integração único e versátil, do RFC 685 foi criado o Internet Protocol: a Internet estava ativa.

Trabalhando através de conexões interligadas por backbones, a Internet tem como qualidade permitir a conexão de mais de 4 bilhões de equipamentos de forma simultânea.

A Internet é, senão, a maior invenção do homem, carregando nos seus pacotes de dados informações que fundamentam a inovação, a competitividade, a eficiência e, portanto, a base do capitalismo – selvagem ou não, pouco importa –.

Tudo isso é uma maravilha se…. … se as operadoras do Brasil cumprissem com as leis e as normativas técnicas, tais como a ISO/IEC27002/05 e o Marco Civil da Internet.

É que quando o sinal é interrompido por alguma falha técnica, o processo não tem redundância e sistemas computacionais entram em colapso: operações não são concluídas e a tarefa se torna um pesadelo empresarial.

Muito dinheiro está envolvido nos processos computacionais, tais como operações bancárias, tráfego de comércio eletrônico, e até mesmo o simples ato de receber no cartão de débito, dependem da estrutura da rede.

Como as operadoras não investem na redundância, e as que fazem não a estruturam conforme a demanda, o colapso é inevitável quando eventualidades acontecem.

Quem deveria cuidar para que haja o cumprimento das metas de qualidade, se faz de mouco e não promove medidas eficazes para coibir a tragédia.

Novamente a conta fica para o consumidor, que paga um custo altíssimo pelo megabyte trafegado, e não encontra respaldo nem mesmo na justiça, que julga como mero aborrecimento a interrupção parcial do serviço: até parece que Internet não é serviço essencial.

E assim, nosso Brasil que passa por uma crise terrível, que demite pessoas, que acaba com sonhos, que precisa de produtividade, que precisa de inovação, que precisa de comunicação, se vê… sem sinal. É de se lamentar o apagão cibernético.

*FABIANO RABANEDA é advogado especialista em Direito Eletrônico e Tecnologia da Informação

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