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Empresário que controlou transporte coletivo em Cuiabá é preso na “Lava Jato”

Ronan Maria Pinto é acusado de chantagear para envolver líderes do PT na morte de Celso Daniel

ronamUm dos alvos da 27ª fase da “Operação Lava Jato”, o empresário Ronan Maria Pinto tem ligações com Cuiabá. No final dos anos 90 e início dos anos 2000, ele praticamente controlou o sistema de transporte coletivo da capital.

Na época, das cinco empresas que operavam no transporte coletivo, quatro tinham ele como sócio. Ele era “controlador” das empresas Sol Bus, Coxipó, Nova Cuiabá e Rotedali

Além dele, eram sócios das empresas a sua mulher, Terezinha Fernandes Soares Pinto, Ricardo Adriane e da empresa Roanoake, que tem sede em Montevidéu, capital uruguaia. Estas empresas já não operam mais em Cuiabá.

Deflagrada nesta sexta-feira, a Operação Carbono 14, a 27ª fase daLava Jato, se aprofundou na extorsão ao PT pelo assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel. Desde novembro do ano passado, os investigadores já tinham rastreado que pelo menos metade de um empréstimo de R$ 12 milhões concedido pelo banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai tinha sido desviado ao empresário Ronan Maria Pinto, que ameaçava implicar figurões do PT na investigação da morte do prefeito. Recentemente, os investigadores concluíram o rastreamento de como esse dinheiro chegou ao empresário em operações de lavagem de dinheiro e conseguiram provas de que esse dinheiro foi utilizado pelo empresário para comprar o jornal Diário do Grande ABC.

A chantagem ao PT foi revelada inicialmente pelo operador Marcos Valério Fernandes de Souza, que prestou depoimentos em uma tentativa de acordo de delação premiada que foi rejeitada pelo Ministério Público depois do mensalão. Nos depoimentos, ele contou que o empresário Ronan Maria Pinto ameaçava envolver dirigentes do PT nas investigações do assassinato do prefeito de Santo André. Mas o acordo foi rejeitado e as investigações não prosseguiram. Só no ano passado o assunto voltou à tona, quando o lobista Fernando Soares, o Baiano, disse em acordo de delação premiada que ouviu a mesma história do pecuarista José Carlos Bumlai.

Bumlai confessou que tomou o empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin para honrar compromissos do PT. O  empréstimo foi quitado de maneira fraudulenta, sem a recuperação do dinheiro pelos donos do banco. A família Schahin foi recompensada com um contrato de US$ 1,6 bilhão para operação de uma sonda da Petrobras.

Toda a trajetória do empréstimo foi rastreada pela Receita Federal, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O dinheiro foi repassado por Bumlai ao frigorífico Bertin e, de lá, seguiu, em alguma parte, para um empresário carioca que chegou a transferir pelo menos uma fração de R$ 210 mil em 2004 ao ex-controlador do Diário do Grande ABC que tinha parcelado a venda do jornal para Ronan Maria Pinto. Na ocasião, o jornal era vendido em parcelas de R$ 210 mil para Pinto.

Além de Ronan, foi preso na operação o ex-secretário-geral do PT, Sìlvio Pereira. O ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, teve um mandado de condução coercitiva expedido.

FolhaMax

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