Ex-vice e ex-secretário em MT são investigados por movimentação de R$ 1 milhão
Funcionário de factoring acionou PF e Gaeco contra Daltro e Meraldo
A Polícia Federal (PF) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) já tem elementos suficientes para abrir uma investigação contra o ex-vice-governador Chico Daltro e o suplente de deputado estadual Meraldo Sá, ambos do PSD, pela suspeita de lavagem de dinheiro na campanha eleitoral de 2014, quando concorreram a uma vaga na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa, respectivamente. A denúncia indica que, em 2011, quando acumulava a função de prefeito do município de Acorizal com a presidência da AMM (Associação Mato-grossense dos Municípios), Meraldo Sá entregou diversos cheques do município e da entidade para serem trocados por um dos funcionários de uma factoring de Cuiabá.
O dinheiro serviria para custear despesas da campanha eleitoral. O que chama a atenção é que essas movimentações já são investigadas pela Polícia Federal.
Um funcionário da factoring teria sido usado como “laranja” de Meraldo Sá, movimentando mais de R$ 1 milhão em sua conta bancária, quando não havia possibilidade alguma de obter esse montante com os próprios vencimentos mensais. Toda a articulação envolveria Mauro Sá, irmão e coordenador financeiro da campanha de Meraldo Sá a deputado estadual nas eleições de 2014, que se encarregava pessoalmente de cuidar de toda a movimentação financeira.
Temendo que o funcionário da factoring viesse a cobrar a dívida, o ex-vice-governador Chico Daltro se encarregou de pagar R$ 300 mil, o que veio a ser feito por meio de um cheque. Um acordo foi celebrado no qual a parte se encarregava de pôr fim à cobrança na esfera judicial, pois uma ação de execução já estava em trâmite cuja autoria pertencia à Só Cobrança.
Daltro se comprometeu a pagar os juros da dívida e autorizou o pagamento de R$ 30 mil por meio de um cheque. Posteriormente, houve também a emissão de outros cheques para o pagamento de juros na ordem de R$ 15 mil e R$ 16,5 mil.
O que chama a atenção é que o funcionário da factoring mantinha o cheque de R$ 300 mil em sua casa e veio a ser furtado. Um boletim de ocorrência a respeito do furto do cheque foi registrado na Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar o caso.
O intrigante episódio está sendo monitorado de perto pelos órgãos de investigação que acreditam se aproximar de um amplo esquema de lavagem de dinheiro e fraude em licitações envolvendo órgãos públicos do Estado e o município de Acorizal. No período em que foi vice-governador de Mato Grosso, Chico Daltro acumulou a função com a de Secretário de Estado de Cidades e mantinha amplos poderes para atuar em outros órgãos públicos.
FolhaMax