PC investiga 60 casos do Golpe do Finam
A Polícia Civil tem pelo menos 60 inquéritos em andamento para a apurar uma prática chamada por eles de “golpe do Finan”, em Cuiabá. O delito consiste basicamente na revenda de um carro financiado por um preço mais barato, sem que a dívida com a instituição financeira seja paga e nem os documentos transferidos para os novos donos.
Normalmente, o carro é financiado em nome de terceiros que nem mesmo sabem que foram envolvidos na fraude. Na capital, segundo a polícia, a prática tem se tornado comum e o uso da internet facilitou a aplicação do golpe.
Em uma busca rápida pela web, é possível encontrar vários anúncios de carros de luxo a preço de banana e divididos em até trinta vezes, sendo que, para levar o carro, nem é necessário pagar antecipado. No entanto, o delegado José Carlos Damian, da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, afirma que a pressa ou a vontade de fazer um bom negócio é o que leva o consumidor a cair no golpe. “É sempre a mesma história: ‘meu sobrinho pediu o nome emprestado para comprar o carro, eu emprestei, ele disse que ia pagar as parcelas e depois, nunca mais vi’. Aí acabou, nome fica sujo e, se achar o veículo, vai perdê-lo”, afirmou.
O servidor público Antônio Paulo não caiu no golpe, mas foi envolvido na fraude. Em 2011, ele teve a carteira de habilitação falsificada por estelionatários que financiaram um veículo em nome dele.
A dívida contraída com a financiadora foi de R$ 22 mil, mas Antônio só soube o que tinha acontecido quando recebeu uma ligação de cobrança da instituição financeira responsável. O carro foi apreendido e, até hoje, cinco anos depois, continua em nome dele. “Eu fiquei por aproximadamente um ano com o nome restrito, sem poder fazer nenhuma transação financeira no mercado e tendo que emprestar nome de parente, de irmão e de pai para poder fazer esse tipo de coisa”, afirmou.
O delegado alerta que, no golpe, o veículo nunca vai ser transferido para o nome de quem comprou. “É preciso, primeiro, se certificar da idoneidade da pessoa que está vendendo ou transferindo o carro. Uma pessoa não pode transferir financiamento pra outra sem que o banco tenha dado anuência. Se acontecer algo em que alguém prometa algum tipo de vantagem, falando que depois transfere, pode esquecer, porque você vai perder. Vai perder o carro, vai perder o dinheiro e vai perder o nome”, afirmou.
Para se proteger do golpe, é simples. Deve-se desconfiar de veículos vendidos a preços muito abaixo do valor de mercado. Além disso, é necessário que a pessoa que vai comprar ou vender um veículo procure o banco para fazer a transferência do financiamento. Além disso, quem se desfez do carro deve ir ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT) para fazer a comunicação da venda.
G1-MT