Piloto de avião interceptado com mais de 600 kg de cocaína informou à FAB plano de voo falso, diz delegado
Segundo Polícia Federal, ele alegou que receberia R$ 90 mil para transportar droga. Dupla foi presa no interior de Goiás e está na sede da PF em Goiânia
O piloto da aeronave que foi interceptada com 634 kg de cocaína, Apoena Índio do Brasil, disse à Polícia Federal (PF) que informou plano de voo falso à Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o delegado responsável pelo caso, Bruno Gama, ele afirmou que criou uma trajetória para repassar às autoridades caso fosse abordado, como ocorreu.
“Ele [piloto] informou que repassou um plano de voo como se tivesse saído de uma fazenda no Mato Grosso, e que fosse a outra fazenda, mas, na verdade, como ele mesmo alegou, seria um plano de voo falso. Ele não saiu daquela fazenda”, disse o delegado em entrevista à TV Anhanguera.
Inicialmente, a FAB afirmou que o piloto da aeronave disse ter decolado da fazenda Itamarati Norte, no Mato Grosso, arrendada para a empresa Amaggi, da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. No entanto, após serem presos, o piloto e o copiloto, Fabiano Júnior da Silva, disseram à PF que saíram da Bolívia com destino a Jussara, no noroeste goiano, sem passar pela propriedade.
Procurada novamente pelo G1, após as declarações do delegado da PF, a FAB informou que o posicionamento é o mesmo que foi postado no site do órgão, na tarde desta segunda-feira. A nota informa que “a confirmação do local exato da decolagem fará parte da investigação conduzida pela autoridade policial”.
“A nossa detecção radar em toda a região do país, ela não consegue detectar aeronave no solo. Por isso que se faz uma interrogação do piloto. Se ele estiver utilizando o espaço aéreo brasileiro de acordo com as regras estabelecidas, logicamente que nós vamos saber que ele decolou de algum aeródromo”, disse o tenente Brigadeiro Gerson Machado, do comando de operações aeroespaciais da FAB.
Até a publicação desta reportagem, o G1 e a TV Anhanguera não tinham conseguido informações sobre as defesas dos dois presos.
Por meio de seu perfil em uma rede social, o ministro Blairo Maggi postou que “está acompanhando as investigações da FAB sobre o local de decolagem da aeronave”. Disse que, quando houver uma confirmação, ele informará. Ele comentou ainda que a “fazenda é extensa e vulnerável à ação do tráfico internacional”.
Já a Amaggi disse por meio de nota que “não tem qualquer ligação com a aeronave descrita pela FAB e não emitiu autorização para pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de suas pistas”.
Apoena Índio do Brasil e Fabiano Júnior da Silva presos pela PF por serem piloto e copiloto de avião com 600 kg de cocaína (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) Apoena Índio do Brasil e Fabiano Júnior da Silva presos pela PF por serem piloto e copiloto de avião com 600 kg de cocaína (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Apoena Índio do Brasil e Fabiano Júnior da Silva presos pela PF por serem piloto e copiloto de avião com 600 kg de cocaína (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Interceptação
A aeronave foi interceptada no domingo (25) na zona rural de Jussara, que fica a cerca de 225 km de Goiânia, no noroeste do estado. Os ocupantes fugiram do local, mas a droga foi apreendida pela Polícia Militar e levada para a sede da PF em Goiânia.
O piloto e o copiloto foram detidos pela Polícia Federal na noite desta segunda-feira (26). Eles foram presos em um hotel a cerca de 30 km do local onde a aeronave pousou.
“Na aeronave foram encontrados alguns documentos pessoais […]. Moradores viram duas pessoas suspeitas que haviam entrado em um hotel. Quando chegamos lá identificamos que eles seriam as pessoas que fugiram do avião”, disse Gama.
Transporte de drogas
A dupla informou à Polícia Federal que saiu com o carregamento da Bolívia e tinha como destino uma fazenda em Jussara. Ainda em depoimento à corporação, o piloto informou que receberia R$ 90 mil para levar a droga. Já o copiloto, disse que era responsável pela cocaína.
“Vai ser apurado agora desde a propriedade da aeronave, quem seria o real proprietário dessa droga e qual seria o destino final da droga, pois há fardos indicando que podem ser outros estados ou até mesmo para o exterior. [Carregamento vale] aproximadamente R$ 20 milhões no território nacional. Quando a droga vai para fora o valor vai duplicar ou triplicar”, completou.
Perseguição e apreensão
Ainda segundo o delegado, Polícia Federal havia repassado informações sobre o carregamento de cocaína à FAB, que enviou um avião para fazer o acompanhamento da aeronave. A Força Aérea ordenou que o bimotor mudasse a rota e pousasse no Aeródromo de Aragarças, em Goiás.
Inicialmente, o piloto obedeceu às ordens, mas, ao invés de pousar, desviou o curso.
Com isso, o avião da FAB “executou um tiro de aviso” para fazer a aeronave cumprir as ordens. O órgão esclareceu que o disparo não atingiu nenhuma parte do bimotor. A aeronave então pousou na zona rural de Jussara. Na aterrissagem, a asa da aeronave e a cauda ficaram danificadas.
O tenente-coronel da Polícia Militar, Ricardo Mendes informou em coletiva, na segunda-feira, que a corporação foi acionada logo no início da interceptação. “O Graer [Grupo de Radiopatrulha Aérea da PM] foi chamado pelo fato da aeronave já estar em espaço aéreo de Goiás e pela mobilidade do helicóptero da polícia de conseguir pousar em locais mais difíceis, coisa que o avião da FAB não conseguiria”, informou Mendes.
Polícia apreende 600 kg de cocaína, em Goiás
O policial afirmou ainda que a cocaína encontrada era pura. “Ainda poderia ser misturada, e a quantidade, multiplicada. Essa foi a maior apreensão de cocaína da história por parte da PM em Goiás”, disse.
As imagens mostram quando o Graer sobrevoa a área em que o avião pousou. Em seguida, os policiais pousam no local e fazem a apreensão da droga. Na gravação, é possível notar que a cauda do avião se quebrou em virtude da aterrissagem.
Fonte: 24horasnews