Loja de informática em VG lava milhões para criminosos
Em quatro meses, empresa movimentou R$ 800 mil
A Polícia Civil durante as investigações da operação “Red Money” identificou que uma empresa, localizada em Várzea Grande, denominada J.J Informática, foi criada, principalmente, para promover lavagem de dinheiro e movimentar os valores da facção criminosa. A operação foi deflagrada nesta quarta-feira (08) pela Polícia Judiciária Civil, sob a coordenação da Diretoria de Inteligência e a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
Foram cumpridos mais de 230 ordens judiciais, sendo 94 mandados de prisão preventiva, 59 buscas e apreensão, 80 ordens judiciais de bloqueios de contas correntes, além de sequestro de bens (veículos, joias, imóveis) e valores. Constituída em fevereiro de 2017, a empresa pertence a Jonas Souza Gonçalves Junior, conhecido por Batman, e sua esposa Jeniffer Lemes (presa na operação).
Ele é condenado por assalto a agências bancárias, tratando-se de um dos principais líderes da facção criminosa e um dos responsáveis pelo departamento financeiro da organização. Em análise financeira, a Polícia Civil descobriu que a J.J Informática, em apenas 04 meses, movimentou cerca de R$ 800 mil.
Porém, nenhuma das movimentações e pessoas identificadas tinha ligação com o objeto social da empresa, ao contrário das pessoas que realizaram transações com o estabelecimento. Pelo menos 180 possuía antecedentes criminais ou algum vínculo pessoal com criminosos e condenados pela Justiça, grande parte deles presos na Penitenciária Central do Estado.
Durante o ano de 2017 foram descobertos dezenas de envolvidos no esquema financeiro. Ao lado da J.J Informática, outras contas bancárias foram identificadas e definido um “núcleo de liderança”, no que se refere à movimentação financeira da facção criminosa.
No período de 1 ano e 6 meses, houve circulação de montantes entre R$ 5 milhões a R$ 800 mil, dependendo do CPF. A partir disso, a Polícia Civil chegou ao líder da facção, com papel de comando na parte financeira.
Trata-se de Francisco Soares Lacerda (Brasília), que utilizou-se, principalmente, da esposa para movimentação ilícita e aquisição patrimonial. O sistema de arrecadação financeira da facção investigada na operação “Red Money” assume formato de pirâmide.
No topo está o núcleo de liderança e na base dezenas de contas bancárias, com movimentação menor, que fazem a captação de dinheiro, e, gradativamente, fazem o repasse às contas maiores. No período de um ano e meio (01/06/2016 a 18/01/2018), entre entradas e saídas de 44 contas investigadas na operação, foram identificados movimentação de aproximadamente R$ 52 milhões.
O delegado Luiz Henrique de Oliveira, Coordenador de Inteligência da Polícia Civil, disse que a deflagração da operação corresponde ao fechamento de uma etapa importante da investigação e agora iniciará um trabalho mais técnico, de análise dos documentos apreendidos, interrogatórios, oitiva de testemunhas, identificação de outros suspeitos
Conforme ele, além das prisões, o objetivo principal é a apreensão do patrimônio e descapitalização da organização criminosa. “A operação Red Money indica que a Polícia Judiciária Civil avançou um degrau na forma de se combater as facções criminosas no Estado, precisamos focar no aspecto financeiro e patrimonial para enfraquecer essas organizações criminosas”, frisou.
O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Diogo Santana, chamou atenção para o fato de que várias pessoas forneceram conta bancária para que fosse movimentado dinheiro ilícito, e, agora, terão que informar a mando e interesse de quem fizeram isso. “Qualquer pessoa que empresta sua conta bancária para movimentar valores ilícitos pode incidir no crime de lavagem de dinheiro”, afirmou.
Quatro grandes operações (Ares Vermelho, Babilônia, Panóptico e Insurgente) da Polícia Civil tiveram provas, no aspecto patrimonial e financeiro, compartilhadas na operação “Red Money”, comprovando que os grupos criminosos combatidos nessas ações tinham o mesmo objetivo: arrecadar dinheiro, por meio de crimes, para fortalecer o capital da facção. Os capitais adquiridos com os crimes foram destinados ao staff da maior facção de Mato Grosso.
FolhaMax