A Evolução das Manifestações
O futuro é, por definição, contingente e quase tudo pode acontecer. Ainda assim, quando se nota uma tendência, há grande possibilidade que tenha continuidade, a menos que algum fato novo venha alterar os rumos.
Poderia ser que as manifestações se extinguissem naturalmente, mas a tendência é que continuem, só que cada vez mais incorporando vândalos e bandidos e isto afasta os originais manifestantes, apenas indignados. Que deram um susto nos políticos foi evidente, e já forçaram a solução de alguns atos que facilitavam a corrupção. Mas o aproveitamento das manifestações pela marginalidade tende a forçar o endurecimento da ação policial, e a reação a isto ainda não se pode prever.
Até agora existem dois beneficiários da situação: O Lula, que sumiu estrategicamente no aguardo que, pela perda de prestígio da Dilma cresçam suas chances de ser o candidato do PT, ou no mínimo para que não se lembrem de suas falcatruas. Mais beneficiada ainda seria a ex senadora Marina Silva que, por ainda estar sem partido, consegue capitalizar a aversão a todos os partidos, enquanto populações ignoram que está a serviço do estrangeiro e que acabaria de destruir o País, se fosse eleita. Ainda que isto seja inexequível, certamente conseguirá seguidores suficientes para conseguir influir, malignamente, nos destinos do País.
No mais, todas as instituições e todos os outros candidatos a candidatos ficaram prejudicados e tentam correr atrás do prejuízo: Os congressistas acabam com a PEC 37 e com os 14º e 15º salários enquanto aguardam uma oportunidade de retomar o status quo anterior, pois o lobo muda de pele, mas não de índole. O Judiciário chega a prender um deputado em pleno exercício do mandato enquanto desencava argumentos jurídicos para impedir mudanças.
Os esquerdistas radicais do PT e aliados, violentamente repudiados, tentam organizar o movimento em seu favor, criam milícias de proteção. Os Tucanos e seus aliados, nada tendo a capitalizar, atribuem às mazelas dos governos petistas a insatisfação popular, tentando eclipsar as mazelas dos seus governos. Entretanto a mais prejudicada, fora de dúvida foi a própria Dilma. Ainda que as manifestação, ao menos inicialmente não visassem a pessoa da Presidente, a mandatária foi a mais prejudicada pois mesmo não sendo pessoalmente responsável por algumas das situações ela encarna o sistema.
O fato é que Dilma tem consciência que está em jogo sua reeleição, e quem sabe o seu governo. Os protestos que pipocam em todo o país, e com a ameaça de inflação, sem dinheiro em caixa para investimentos que contemplem difusa pauta de reivindicações, resta à presidente tentar resgatar a imagem com que inflou sua popularidade nos primeiros tempos: a de intransigente com a corrupção e com o que chamou de “malfeito”. Se o fizer, recuperará em dois tempos o apoio popular, mas “adeus” às alianças para reeleição. Não fazendo, de pouco lhe valerão as alianças sem o apoio popular.
Guinada à esquerda ou à direita
No Congresso, há aliados que sugerem que Dilma abra mão do PMDB e faça uma coalizão mais à esquerda. Certamente ela já terá percebido o que pode fazer a classe média quando mobilizada, e não entrará nessa fria. Ainda não se ouviu sugestões de guinada à direita, mas muitos são os pedidos de transparência nos gastos, de redução de cargos de confiança, de diminuição do número de senadores, de deputados e de vereadores – gente quase inútil – e principalmente de ministérios, criados apenas para dar cargos à aliados.
Dilma foi vaga no primeiro pronunciamento, mas depois apresentou propostas objetivas. A principal é um plebiscito para ver o que o povo realmente quer. Excelente, a Democracia Representativa não deu certo, e com as facilidades da Internet a tendência será a Democracia direta, para desgosto dos políticos. Isto é, desde que se cumpra a decisão popular. Se é para fazer como o plebiscito do desarmamento, é melhor nem tentar.
Dilma conseguiu sair da defensiva, mas deixou todos os políticos em xeque; tendo que aderir ou arder nas ruas como insensíveis à demanda popular. Isto terá um alto preço É possível que só consiga governar sob estado de sítio, como fez Artur Bernardes, mas só poderá se manter, nesse caso, se tiver o apoio do Exército.
De bom, devemos assinalar que as manifestações mostraram que os sentimentos de ética e de nacionalismo, que pareciam mortos, estão vivos e atuantes na nossa gente. Isto é a base que precisávamos. Sentimentos que, bem aproveitados nos permitirão avançar em todos os sentidos. Os partidos e os malandros políticos, acuados, terão dificuldade, não só em fazer novas falcatruas como até em manter seus injustificáveis privilégios. O Judiciário, durante algum tempo, não ousará vender sentenças ou absolver criminosos notórios, e o Executivo não poderá expulsar os produtivos agricultores para entregar as terras para os índios das ONGs.
Mas nem tudo são flores. O fato é que a Presidente terá todos contra si. Ao enquanto que tenta responder aos protestos, terá de lidar também com o crescimento, no PT, de setores que pregam a volta de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Se não afastar alguns ministros, não por serem lulistas, mas principalmente por serem prejudiciais ao País – como o Gilberto Carvalho, sua autoridade terá acabado, mesmo se não perder o mandato.
E se Dilma cair, ou se não for reeleita, como é que fica?
Bom não está, mas claro que fica pior. Já imaginaram a volta de Lula? E o Aécio trazendo o arrocho fiscal, monetário e desnacionalização ou seja, anti-nacionalismo, como fez o FHC. E com a Marina? Seriamos divididos em umas quantas nações indígenas e o restante viraria o paraíso das plantas nativas, sendo proibido produzir alimentos? Isto seria a guerra civil. Somemos a um desses cenários apocalípticos o dia em que o Lewandovsky ou o Toffoli assumirem a presidência do STF.
Ruim está! Pior ainda pode ficar!
Que Deus Proteja o nosso País!
Gelio Fregapani