Curso de Medicina da Unemat é visto como ‘estelionato’ na educação de Mato Grosso
Implantado no segundo semestre de 2012, o curso de Medicina da Universidade de Mato Grosso (Unemat), na cidade de Cáceres, no Oeste do Estado, não vingou e “está na UTI”. Por causa das diversas irregularidades, o curso vem sendo classificado pelos estudantes como uma espécie de ‘estelionato’ da educação e que estaria servindo apenas como ‘peça de propaganda política’. Nesta quarta-feira, 27, os acadêmicos voltaram a protestar contra o sistema de ensino, o déficit de professores, falta de salas de aulas e laboratórios específicos.
Em greve, se queixam da falta de atenção e resposta satisfatória por parte do Estado e da administração universitária. Desde 2012 a Reitoria da Unemat promete, mas não cumpre. Uma das promessas é a entrega dos blocos de laboratórios, garantida para três datas, todas adiadas. Foram adquiridas apenas algumas peças artificiais de laboratório, e as anatômicas humanas, indispensáveis ao aprendizado médico, continuam inexistentes. Além disso, faltam biotério e espaço físico para aulas, e as salas são disputadas entre professores.
Os acadêmicos afirmam que o concurso público feito este ano não supriu a demanda exigida pelo curso e ainda existem disciplinas sem aula. Além disso, parte dos profissionais não recebeu treinamento para a metodologia PBL (Problem-Based Learning), método de ensino, no qual o professor não dá aulas tradicionais, mas atua como facilitador do aprendizado, tirando dúvidas dos alunos. Essa situação, segundo os acadêmicos, dificulta o aprendizado. Para os estudantes, este é um exemplo de descaso com o compromisso firmado pela gestão da universidade.
Os acadêmicos ainda reclamam que a biblioteca também está defasada, com livros antigos e muitos títulos indisponíveis para atender à demanda do curso, que já conta com cinco turmas. O projeto pedagógico, por sua vez, é defasado e incompleto, e a entrega dos planos de ensino muitas vezes não ocorre. “Falta planejamento e infraestrutura” – dizem.
Outra demanda são os convênios regularizados. Sem hospital-ensino, os estudantes chegaram a ser barrados em atividades nas instituições de saúde, o que gera constrangimento e defasagem no aprendizado.
A gestão da Unemat é duramente criticada pelos acadêmicos.Eles dizem que a universidade discursa sobre ensino de qualidade e necessidade de pesquisas, mas não proporciona o mínimo de estrutura para que os estudantes desenvolvam artigos científicos. Citam como exemplo o fato de o campus não dispor sequer de internet com velocidade rápida – a chamada Wi-Fi. Os alunos reivindicam também, em médio prazo, restaurante universitário e transporte coletivo entre os campi, soluções que beneficiarão também outros acadêmicos da universidade.
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