A Copa terminou, e aí?
Não vou falar em vexame da Seleção Brasileira, pois ela representou o nosso dia-a-dia, o nosso perigoso “jeitinho brasileiro”, a nossa estratégia “seja o que Deus quiser”, assim, por quê culpar a mesma? Todos os brasileiros são culpados por se alimentarem deste ópio chamado futebol / Seleção Brasileira / Copa do Mundo FIFA (sem desmerecer o esporte).
A seleção brasileira é a mais multimilionária da Copa do Mundo, e seu resultado? Quarto lugar, pífio para uma Copa do mundo no Brasil, onde a esperança do povo brasileiro, por mais momentânea que era deveria ser respeitada. Mas no final que ganhou? A própria seleção brasileira, pois embolsou os R$ 44 milhões em “bicho”. Os mesmos deveriam ter a seriedade em doar o valor para entidades, hospitais e escolas, como fez a seleção argelina, seria no mínimo descente para com o povo carente brasileiro, e não a “elite branca quatrocentona paulista”.
Mas a derrota me trouxe alguns ensinamentos:
– treine muito, esqueça os bajuladores e o próprio assédio da imprensa;
– em futebol, não existe professor, existe técnico sério e humilde, e jogador tem que ser “boleiro”;
– dinheiro atrapalha o futebol de verdade, é só lembrar de 58, 62 e 70, o resto foi tudo no sufoco (mas a grana caiu direitinho na conta);
– todo brasileiro tem um pouquinho de “professor técnico arrogante”, e todos erram ao mesmo tempo (é incrível);
– o futebol, principalmente a seleção brasileira, é um ópio que destrói a razão do brasileiro, o mesmo esquece de seus problemas, e aceita de forma passiva a enganação na cara dura;
– a Seleção Brasileira é igual aos Tributos Brasileiros, paga-se muito, mas não tem o resultado no mesmo nível;
– o Brasil já tem os piores indicadores internacionais em saúde, educação, segurança, violência, infra-estrutura, agora conquistamos o do Futebol;
– nas Olimpíadas não teremos a farsa do hino nacional à Capela;
– a Copa foi feita para a Elite, tanto Lula como Dilma confirmaram suas intenções, assim, onde está o governo para os pobres, indígenas e quilombolas? Ou a Elite branca é mais uma farsa para os idiotas úteis do governo?
– e no fim, tudo será colocado como um legado, mas como o Brasil é o país do futuro, este legado sempre ficará para o futuro, o problema está na datação (só um arqueólogo lhe responderá sobre isto, claro, no futuro).
Assim, a Copa do Mundo terminou, perdemos feio (dois jogos, 10 gols contra, um recorde), como legado, temos alguns estádios, mas continuamos sem um infra-estrutura descente, sem hospitais descentes, sem educação descente, sem tecnologia descente, sem inovação, e sem um “punhado de coisas”. Mas continuamos com muita corrupção, com muito descaso político, com os chatos do “Black Blocs”, continuamos com o Maluf, o Renan, o Sarney (pelo menos sua alma e família), o Collor, e todos os seus aliados, e continuaremos com ônibus e bandeira nacional queimados. Belo legado!
Por sinal, quatro estádios já estão às moscas. Os Estados não sabem o que fazer, pelo menos um teve a brilhante idéia de transformar o estádio em centro de triagem para presídios.
Outro legado importante, o uso indiscriminado da Copa do Mundo para a imagem política, um verdadeiro tiro no pé. Como diria Dilma Rousseff, seu governo “é padrão Felipão”, bom está tudo respondido. Na arrogância os dois jogam um bolão.
Mas o legado que corre o risco de cair por terra, é o legado da Policia Civil do Rio de Janeiro e da própria Polícia Federal com o caso da Máfia dos Ingressos e os dirigentes da FIFA e das empresas co-ligadas. Um belo trabalho de investigação, que corre o risco de ser desqualificado pelas forças ocultas da política nacional. Uma verdadeira vergonha, pois se apertar vai “pular malandro para tudo o que é árvore”. A história daria um bom samba ao estilo Bezerra da Silva. Durante quatro Copas, o esquema ganhou força, no Brasil os “meliantes” achavam que tudo seria mais fácil, o impossível aconteceu, a polícia agiu, este legado não pode ser perdido.
Bom, de uma forma geral, a Copa terminou, desgraça pouca a Argentina está aí, como vencedora ou como a primeira perdedora (segundo lugar), e nossa vida, mudou em algo? NÃO! Nossa vida continua na mesma, com enganações políticas em todas as esferas, nossas síndromes de vira-latas, de puxadinho e de aceita qualquer coisa, continuam as mesmas, e não creio que em outubro algo mudará.
A Copa nunca deveria ter acontecido no Brasil, por mais que o povo brasileiro deu um “show de bola” em recepção, até a violência deu um tempo.
Amanhã, segunda, dia 14 de julho (dia da Queda da Bastilha), nós voltamos ao normal, e nosso normal é uma tragédia. O transporte público será um terror, a saúde uma catástrofe, a polícia continuará descendo a borracha, os chatos dos “Black Blocs” continuarão destruindo o patrimônio público e privado, a água faltará no Estado de São Paulo, como também a seca no nordeste, nossa educação continuará com os piores indicadores, as greves continuarão como nunca vista na história deste país, e as atitudes dos governantes na mesma. Até outubro, boa parte da população brasileira ainda estará absorvida pelo ópio, e as mudanças serão difíceis.
E aí caro leitor, a Copa acabou, e o próximo passo? Qual a sua opinião? No mínimo uma atitude descente de mudar tudo isto, porquê se dependermos dos nossos políticos, literalmente estamos “perdidos”.
Bom, nas olimpíadas será que teremos a farsa do hino nacional à Capela? Será que nossos atletas olímpicos terão o mesmo tratamento dos jogadores da Seleção Brasileira? Dúvidas cruéis.
P.S.: alguém pode me indicar os telefones do médico e do fisioterapeuta do Neymar Jr.? Depois do que ele sofreu, em praticamente dois dias, e uma partida de poker, o mesmo pôde andar livre e solto com uma mochila nas costas, e ficar sentado 90 minutos no banco dos reservas. O mesmo foi curado por uma grande iluminação!
Fábio Pereira Ribeiro