Aplicativo criado por estudantes de Barra do Bugres será apresentado em Feira Internacional
Um aplicativo de celular desenvolvido com o objetivo de mapear o desperdício da merenda escolar será mostrado ao Brasil e para outros 20 países. O produto, criado a partir do projeto “Índices de Desperdício de Alimentos na Residência dos Alunos”, é dos estudantes mato-grossenses Déborah Diogo Guedes, 16 anos, e Davi Bezerra Freire de Araújo, 18 anos, da Escola Estadual Alfredo José da Silva, de Barra do Bugres, a cerca de 165 km de Cuiabá.
A novidade, que ainda não está disponível aos colegas da escola, será também estendida para a comunidade na próxima fase do trabalho. Antes, porém, o aplicativo será apresentado na Feira Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), que acontecerá no Rio Grande do Sul, entre os dias 26 e 30 deste mês. O evento contará com a participação de centenas de projetos oriundo de escolas públicas e privadas do Brasil e de outros 20 países, entre eles, Rússia, China, Estados Unidos e Indonésia.
Serão cinco dias de apresentações envolvendo projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento, realizados por jovens cientistas e pesquisadores do ensino médio e da educação profissional de nível técnico. Uma oportunidade que contará ainda, com eventos integrados como o Seminário Internacional de Educação Tecnológica (Siet), Mostratec Júnior, Robótica Educacional e atividades esportivas e culturais.
Até chegar ao desenvolvimento do aplicativo, os estudantes passaram por diversas etapas, entre elas de pesquisa literalmente com questionário na mão e olhar atento. “Tudo começou porque percebemos que os alunos estavam desperdiçando muito alimento no prato na hora do recreio. Mas era só uma questão de observação, não fizemos a pesagem para ver a quantidade disso. A base era a bacia com restos que acabavam indo para o lixo. Hoje até isso mudou, agora vira lixo orgânico e aprendemos a diferença entre resto e sobra de comida”, explicou Déborah.
Com a ajuda de uma nutricionista foram orientados que sobra é o que foi preparado e não foi servido, portanto, pode ser aproveitado porque não teve contato com a saliva. Enquanto que resto é o que fica no prato, não serve para ser reutilizado.
Déborah e Davi, então, queriam saber se os colegas tinham esse mesmo hábito em casa e elaboraram um questionário com sete questões. No primeiro momento da aplicação, 41% dos mais de 100 alunos do 1º ano do Ensino Médio responderam afirmando que desperdiçavam alimentos.
“Diante do que víamos, ainda era um resultado duvidoso. Aprofundamos o trabalho e acabamos descobrindo, depois das explicações da nutricionista, que o índice era maior, porque eles passaram a se conscientizar sobre a questão. Foram mais sinceros”, pontuou a estudante.
Foi aí que nasceu a ideia do aplicativo, voltado para ajudar os colegas. A ferramenta possibilitará que quantifiquem diariamente o que jogam fora e no final do mês podem ver o quanto desperdiçaram e quais produtos.“É muito gratificante orientar um projeto assim, que nasceu da curiosidade deles, e desperta o interesse da ciência, da tecnologia, essa busca pela inovação”, frisou a professora de Biologia, Laura Aparecida Ferreira de Amorim, orientadora da pesquisa.
Na Mostratec será apresentado além do aplicativo para o celular, o relatório nutricional do trabalho. Todos os participantes receberão certificados de participação da Mostratec. O evento é realizado anualmente pela Fundação Liberato.
Trajetória em feiras
As feiras são encaradas como um desafio, mas também são reconhecidas como um vasto potencial para novos rumos. Desde que a dupla se inscreveu na Feira Estadual de Ciência da Educação Básica de Mato Grosso (Feceb MT) de 2014, em Cuiabá, por exemplo, não parou mais.
Na oportunidade se destacaram conquistando o primeiro lugar e,, consequente uma bolsa de estudo científico patrocinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Era também a credencial que precisavam para participar da Feira Nacional de Ciência e Tecnologia (Febrace), que aconteceu em março deste ano, em São Paulo. E eles estavam lá, ocasião em que abriram caminhos para a Feira Internacional de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
“Da Feceb veio o recurso para desenvolver a ideia. A Febrace acrescentou sugestões que aprimoraram nosso projeto. Agora vamos vivenciar uma nova etapa de trocas de experiências. Além de conhecer o que a ciência está produzindo pelo mundo afora”, destacou Déborah.
A aluna acompanhada da professora orientadora do projeto chega a Cuiabá no domingo (25.10) e viaja para o Rio Grande do Sul na madrugada do dia 26. Davi, o parceiro de pesquisa de Deborah, não poderá ir com elas por motivos pessoais.