Depoimento de engenheiro deu pista ao Gaeco para prender ex-secretário de MT
Condomínio entregou lista com a “visita” de Permínio a Guizardi
No pedido de prisão preventiva do ex-secretário de Educação, Permínio Pinto Filho, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) apontou que o depoimento do engenheiro eletricista e empresário Edézio Ferreira da Silva revelou o uso de sala comercial no Edifício Avant Garden Bussiness, no bairro Santa Rosa, pela organização criminosa suspeita de desviar recursos da pasta. O local foi denominado “quartel general do crime organizado”.
O pedido foi deferido no último dia 15 de julho pela juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Nesta quarta-feira, o Gaeco deflagrou a “Operação Rêmora 2 – Locus Delicti” e cumpriu o mandado de prisão preventiva contra Permínio, que foi encaminhado ao CCC (Centro de Custódia de Cuiabá).
Consta na representação que Edézio compareceu voluntariamente ao Gaeco no dia 12 de maio, nove dias após a deflagração da primeira fase da “Operação Rêmora”. Aos promotores e delegados do órgão, ele contou que em abril de 2015 firmou contrato de trabalho com a Guizardi Junior Construtora, que tem sede no mesmo local da Dínamo.
O proprietário da Guizardi Junior é o empresário Miguel Guizardi Junior, pai do empresário Giovani Belatto Guizardi, apontado como operador do esquema criminoso na Secretaria de Educação. Segundo Edézio, em agosto de 2015, foi procurado por Guizardi, que lhe pediu que alugasse uma sala comercial em nome de sua empresa.
Atendendo ao pedido, ele locou uma sala no 16º andar do prédio comercial Avant Garden e passou a dividir o espaço com o dono da Construtora Dínamo. Porém, o engenheiro elétrico relatou que Guizardi esteve no local por poucas vezes.
Em algumas delas se reuniu com os ex-servidores da Secretaria de Educação, Fábio Frigeri e Wander Luiz dos Reis, presos na primeira fase da operação. “Houveram poucas reuniões nessa sala comercial, mas se recorda de ter visto a pessoa de Fábio Frigeri e Wander Luiz dos Reis pelo menos umas três vezes no referido local reunindo-se com Giovani; que geralmente Fábio e Wander estavam juntos nessas reuniões, mas já chegou a ver Wander ir sozinho à reunião com Giovani”, diz trecho do pedido do Gaeco.
O Gaeco aponta que as declarações do engenheiro elétrico sustentam a tese de que Giovani era muito ligado aos servidores públicos que participavam do esquema. Além disso, destaca a habilidade do grupo alugar o prédio comercial em nome de uma terceira pessoa, como forma de ocultar a participação dos ex-servidores e da Construtora Dínamo. “Neste sentido, o local funcionava como a sede da sociedade secreta, o local físico onde o centro de comando da organização estava instalado, onde os objetivos e planos de ação do grupo criminoso eram traçados, onde as eventuais intempéries surgidas eram resolvidas”, aponta o Gaeco.
A existência do “escritório do crime” também foi citada pelos empresários José Carlos Pena, colaborador do esquema, e Luiz Fernando Rondon. Ambos disseram ao Gaeco que se reuniram por algumas vezes com Guizardi na sala comercial do Edifício Avant Garden.
CHEGADA EM PERMÍNIO
Para buscar elementos que subsidiassem o depoimento dos três empresários, o Gaeco solicitou a administração do condomínio o registro de controle de visitantes no local. Foi aí que se chegou a presença do então secretário Permínio Pinto nas reuniões com Guizardi.
A folha de registro mostra que o tucano, preso nesta quarta-feira (20), esteve na sala alugada por Edézio Ferreira da Silva, em 18 de agosto de 2015. “Este registro coloca Permínio Pinto Filho na cena do crime, uma vez que, em 08 de agosto de 2015, durante os preparativos para a distribuição das licitações entre os empreiteiros ocorrida na reunião de 09 de outubro de 2015, quando a organização criminosa denunciada já estava formada e executava etapas internas necessárias dentro da Seduc. Permínio tinha poder de mando dentro da organização criminosa e dentro da Seduc, se encontra com o seu longa manus, a quem empossou dos poderes de fato atinentes ao cargo de Secretário de Estado Educação, Esporte e Lazer necessários para o funcionamento da máquina criminosa, aquele que, portanto, falava em seu nome, o secretário de fato Giovani Belatto Guizardi, na sede da organização criminosa, ou seja, no local onde as diretivas de atuação do organismo delituoso eram traçadas, onde as ordens para execução dos crimes praticados pelo grupo eram formuladas e de onde emanavam”, assinala o Gaeco.
Fonte: FolhaMax