Deputado vê direcionamento em licitação da Arena Pantanal

“A gente viu que ele foi muito safo [esperto] nas respostas. Ele se isentou por completo de todas as responsabilidades que a gente sabe que competiam a ele, como secretário de Estado”.

 Desta forma, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Copa, deputado Oscar Bezerra (PSB), classificou o depoimento do ex-diretor de Assuntos Estratégicos da Agecopa (já extinta),Yuri Bastos Jorge.

 Ainda conforme o deputado, o depoimento, de mais de quatro horas, prestado pelo ex-secretário, na última quarta-feira (21), deixou claro que houve direcionamento para que a empreiteira Santa Bárbara ganhasse a licitação para a construção da Arena Pantanal.

 “O depoimento do Yuri contribuiu muito pouco. Mas, ficou claro que houve direcionamento. As coisas já iam encaminhadas e ele chancelava tudo, assinava tudo”, afirmou Bezerra.

Um dos principais questionamentos dos parlamentares que compõem a CPI foi quanto à contratação da empresa Castro Melo, por R$ 500 mil, por meio de dispensa de licitação, para a elaboração de um projeto básico da Arena.

 Em seu depoimento, Yuri confirmou que foi apresentado aos responsáveis pela empresa, por meio de representantes da Santa Bárbara, empresa esta que, mais tarde, viria a ganhar a licitação para construção do estádio.

 O ex-secretário afirmou que o contratado por dispensa de licitação ocorreu, pois existia um curto prazo para apresentação do projeto do estádio á Fifa.

 No entanto, a empresa não cumpriu o objeto contratual, apresentando ao Governo, somente um estudo de pré-viabilidade da Arena Pantanal.

 Yuri Bastos confirmou que o projeto da Castro Melo foi descartado e, mais tarde, a empresa a GCP Arquitetura foi contratada para prestar o mesmo serviço, só que, desta vez, pelo valor de R$14 milhões.

 O contrato também foi firmado por dispensa de elaboração.

 “A Castro Melo foi contratada por dispensa de licitação, pois tínhamos urgência, tínhamos prazo determinado pela Fifa para apresentar o projeto do estádio. Ou entregava ou perdíamos a condição de cidade-sede”, afirmou o ex-secretário.

 “No entanto, não houve indicação de ninguém. Estado é que escolheu, na verdade a empresa (Santa Barbara) apenas apresentou o escritório de arquitetura (Castro Melo) e foi só. Nunca tive relacionamento com Santa Barbara e nem ninguém”, disse Yuri.

Depoimento “ensaboado”

O presidente da CPI, Oscar Bezerra também afirmou a falta de “clareza” nas declarações do ex-secretário poderão complica-lo mais afrente.

“O próprio depoente pode, ao longo do processo investigativo. se complicar, porque várias outras pessoas serão ouvidas e algumas vão acabar confirmando a participação e a responsabilidade dele (Yuri) e de cada um daqueles que participaram dos atos”, afirmou.

“Então aqueles que acham que vem aqui e estão enganando alguém, estão completamente equivocados. A ligação aparece de uma forma ou de outra. As pessoas chegam tentando ‘ensaboadamente’ se isentar do processo, mas isso não funciona”, completou o deputado.

Segundo ele, depoimentos já colhidos pela CPI, como o do ex-secretário de Estado de Esportes, Baiano Filho explicitaram a responsabilidade de Yuri em todos os fatos que ele negou em seu depoimento.

Projetos jogados no lixo

Em seu depoimento, Yuri Bastos fez algumas declarações sobre o período em que ele esteve a frente da Secretaria de Turismo (março de 2008 a novembro de 2009).

Segundo ele, ao sair da pasta, deixou vários projetos encaminhados para o setor de Turismo do Estado que acabaram não sendo aproveitados após sua saída. Ele citou ainda, que vários projetos já tinham, inclusive, parte dos recursos em caixa.

“Os projetos turísticos foram jogados no lixo, mudaram tudo. Chega a me dar ojeriza de falar. Mas o fato é que deixei vários projetos prontos e que foram substituídos por obras que hoje estão abandonadas como o Centro de Atendimento ao Turista de Cáceres e o de Barão de Melgaço”, afirmou.

“Sinceramente, achei que havia grande chance de Cuiabá acabar perdendo a chance de sediar a Copa, muitos projetos foram jogados fora e nem os Centros de Treinamentos ficaram prontos. Sinceramente, se eu fosse membro da Fifa, tivesse vindo aqui conhecer os projetos e depois voltado, me sentiria enganado”, disse.

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