Política

Em 17 meses, empresa de Nadaf recebeu R$ 520 mil de propina

pAs investigações realizadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e a Polícia Civil, durante a Operação Sodoma, revelaram que o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf (Indústria e Comércio), recebeu pagamentos, como propina, de R$ 520.861,86 em 17 meses.

Os pagamentos foram feitos, por meio de transferências bancárias, para a conta da empresa NBC Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda., pertencente a Nadaf e seu filho, Pedro Jamil Nadaf Filho.

Segundo o empresário João Batista Rosa, que fez delação premiada, os pagamentos serviam para a “lavagem do dinheiro” de propina – e foram feitos em quatro parcelas iniciais, de cerca de R$ 83 mil, e, posteriormente, em repasses mensais, de cerca de R$ 30 mil cada.

Pedro Nadaf e o ex-secretário de Estado Marcel de Cursi (Fazenda) estão presos desde esta terça-feira (15), em Cuiabá, por determinação da juíza Selma Arruda, da Vara de Combate ao Crime Organizado da Capital.

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que também teve sua prisão preventiva decretada, continua foragido.

Segundo os autos da investigação, “de modo astuto e dissimulado”, a “organização criminosa” simulou contrato de prestação de serviços da NBC com a empresa de João Batista Rosa – que realizou vários pagamentos de propina em troca de incentivos fiscais do Estado.

O inquérito da Operação Sodoma mostra que, entre 13 de novembro de 2013 e 9 de abril de 2015, foi transferida, mediante TED, à conta da empresa de Nadaf, no Banco do Brasil, R$ 520.861,86.

Assessora de confiança

Os promotores de Justiça e agentes da Polícia Civil ressaltam, nos autos, a “preciosa colaboração” de Karla Cecília de Oliveira Cintra, assessora direta, e “de estreita confiança”, de Nadaf na Fecomércio, presidida por ele.

Segundo o empresário João Batista Rosa, mensalmente Karla Cintra mantinha contato com ele, visando “cobrar e compelir aos pagamentos das propinas”.

Ao MPE, o empresário entregou, inclusive, cópias de e-mails de conversas mantidas com a secretária de Nadaf.

Há, ainda nos autos, notas fiscais expedidas por Karla Cintra e os boletos bancários que, segundo o MPE, comprovam a simulação de contrato.

Uso da Fecomércio

“Interessante destacar que em algumas ocasiões os email’s foram enviados da própria Fecomércio, o que demonstra o uso indevido da respeitada instituição para a prática de ilícito de tal gravidade”, diz trecho da investigação.

Segundo o MPE, Karla Cintra ainda foi responsável pelo recebimento de R$ 122.596,00 em cheques das empresas de João Batista Rosa.

“Tais fatores, aliados às evidências de que, embora o mandato já tenha terminado, a organização ainda está em pleno funcionamento, permitem que se perceba que, se permanecerem soltos, tais indivíduos poderão reiterar na prática dos atos ilícitos, bem como agir de modo a coagir as testemunhas e impedir que toda a verdade venha à tona”, considerou a juíza Selma Arruda.

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