Ex-amante de Paulo Taques presta depoimento sobre esquema de grampos em MT
A ex-servidora pública Tatiana Sangalli Padilha, que teve o número de telefone grampeado no esquema de escutas clandestinas que vigorou no núcleo da Polícia Militar, prestou depoimento nesta quinta-feira (13) ao delegado Flávio Stringueta, responsável pela investigação do escândalo dos grampos em Mato Grosso. Tatiana é ex-amante do ex-secretário-chefe da Casa Civil, o advogado Paulo Taques.
Tatiana se apresentou para o depoimento acompanhada do advogado dela, Francisco Faiad, mas nenhum dois quis comentar sobre o caso. Por meio de nota enviada à imprensa, a ex-servidora pública, que agora mora em Brasília, disse que teve um relacionamento amoroso com Paulo Taques entre 2009 e 2015. O ex-secretário é primo do governador Pedro Taques (PSDB) e deixou o cargo na dias antes do escândalo vir à tona.
O número do celular de Tatiana aparece na lista dos telefones que foram monitorados clandestinamente por PMs durante os anos de 2014 e 2015. O esquema grampeou telefones de políticos, jornalistas, médicos, advogados e até um desembargador aposentado do Tribunal de Justiça (TJMT).
Os números foram inseridos com autorização judicial numa suposta investigação, por parte do Núcleo de Inteligência da PM, sobre tráfico de drogas envolvendo policiais militares. A inclusão em investigações de telefones de pessoas que não são suspeitas de crimes é conhecida como “barriga de aluguel”.
O esquema foi denunciado em maio deste ano pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que disse ter tomado conhecimento do caso quando ainda era secretário de Segurança Pública, em 2015.
Mauro Zaque acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o caso e afirma que o governador Pedro Taques (PSDB) foi informado oficialmente, via documento, dos crimes que estavam ocorrendo na gestão dele. O governador nega ter recebido o ofício com a denúncia e chegou a entrar com representação contra Zaque no Ministério Público do Estado, no Conselho Nacional do Ministério Público e na própria PGR, acusando-o de ter fraudado o documento.
Nesta semana, uma auditoria da Controladoria Geral do Estado apontou que o ofício da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) que denunciou o “escritório clandestino de espionagem” dentro do governo chegou a ser protocolado na Casa Civil, mas foi substituído por outro documento, com o mesmo número, mas que tratava de pedido de obras em Juara, a 690 km de Cuiabá.
A PGR investiga se o chefe do Executivo estadual tinha conhecimento do crime e de quem teriam partido as ordens para os grampos. Taques afirma que não sabia da existência da central de monitoramento clandestina.
PRISÕES
Seis PMs estão presos preventivamente por suposta participação nas interceptações. O cabo PM Gerson Luiz Ferreira Correia Júnior e o coronel Zaqueu Barbosa foram presos em maio. Em junho, foram presos os coroneis Evandro Lesco, que comprou dois aparelhos que podem ser usados para interceptações telefônicas em maio de 2015, e Ronelson Barros. Os eram, respectivamente, de secretário-chefe e secretário-adjunto da Casa Militar, mas foram afastados dos cargos.
No mesmo dia, foram presos o tenente-coronel Januário Batista e o cabo Euclides Torezan, cedido ao Gaeco, do MPE, suspeitos de participação no crime, além do corregedor-geral e o diretor de Inteligência da PM, coronel Alexandre Mendes e tenente-coronel Victor Paulo Pereira. Esses dois últimos teriam avisado Lesco e Barros de que eles seriam alvo de mandados de prisão. Mendes e Pereira, porém, foram soltos por decisão da Justiça.
Fonte: Folhamax