Ex-Secretário de Campo Novo, assessora e empresário são indiciados por corrupção
O esquema envolvia o repasse de materiais de construção comprados pela Prefeitura de Campo Novo do Parecis para fazer manutenções e reformas de rotina, para a obra de construção de uma creche no Jardim das Palmeiras. As investigações foram iniciadas em outubro do ano passado com escutas telefônicas em uma operação denominada “Minerva”. Na manhã desta terça-feira (29) o Delegado de polícia Luiz Henrique Damaceno de Campo Novo do Parecis falou sobre o caso à imprensa acompanhado da Delegada Regional Dra. Alessandrah Marquês Ferronato.
O caso foi denunciado por um construtor subcontratado para parte da execução da obra. Segundo o delegado, este construtor ficou sem receber parte do serviço. Para a polícia, o denunciante disse que o empreiteiro vencedor da licitação afirmava que repassava recursos ao secretário e que esta era uma garantia de que iria receber pelo serviço. “O empresário tinha como garantia do recebimento da obra estes depósitos em favor do secretário. Fica bem claro que trata-se de propina”, afirmou o Delegado.
Nas investigações foram apurados depósitos na conta de Mariza Tomas da Silva assessora do então Secretário de Infraestrutura do município de Campo Novo do Parecis, José Carlos de Musis, bem como de empresa da qual o irmão do ex-secretário é sócio na capital do estado.
Segundo o delegado, a assessora recebeu R$ 25 mil reais por meio da conta bancária; outros R$ 25 mil reais teriam sido repassados em mãos pelo empreiteiro e outros R$ 30 mil reais foram depositados na conta da empresa do irmão do José Carlos, totalizando R$ 80 mil reais. “No nosso entender, trata-se de dinheiro de corrupção, porque houve determinação de entrega de materiais da Prefeitura [tem comprovantes]. Os custos da obra teriam que ser cobertos globalmente pela construtora, mas houve ordem para entrega de material nesta obra. Provavelmente como parte do pagamento deste dinheiro que o empreiteiro repassou para o então secretário José Carlos”, afirmou o delegado. Segundo ele, durante interrogatório a assessora confirmou o recebimento dos valores.
O empresário sócio da Beta Empreendimentos, Bartolomeu Alonso de Arruda também foi indiciado por corrupção ativa. Segundo o delegado, ele afirmou que se tratava de um empréstimo, mas não soube dar explicações sobre o recebimento do material de construção na obra. “O material era da Prefeitura, saiu de casas de materiais de construção, por meio de licitações feitas para reparos, comprovando esta irregularidade”, destaca o delegado.
Os indiciados já foram ouvidos e o inquérito policial será agora encaminhado ao Ministério Público. A pena para crimes de corrupção ativa e passiva vai de dois a 12 anos de prisão.
Outras investigações – Segundo o delegado, na conta da assessora Marisa, houve movimentação vultosa no período. “Além dos proventos que ela tinha, ela movimentou 240 mil reais em 2013 e 2014. Uma funcionária pública que ganha de 5 a 6 mil por mês, movimentando uma quantia desta, provavelmente será alvo de novos inquéritos”, destaca o delegado. Segundo ele, outras ações devem decorrer do inquérito concluído na semana passada. “Percebemos na interceptação um grande vínculo do secretário da época com empreiteiros e novas investigações devem ser iniciadas em breve”.
Este é o terceiro inquérito que envolve o ex-secretário José Carlos. Ele já foi indiciado em obra envolvendo a Rodoviária e em obras de construção de pontes. José Carlos de Musis integrou o staff do prefeito Mauro Valter Berft durante 36 meses e pediu exoneração do cargo em dezembro de 2013, alegando motivos de foro íntimo.
Segundo o Delegado, não há, até o momento, comprovação de participação do Prefeito de Campo Novo do Parecis no esquema. “O empresário que prestou depoimento na delegacia, representante da Beta, disse que o empréstimo foi com aval do prefeito, mas aí para dizer que o prefeito tenha participação, tem que haver outro inquérito para ver a destinação do dinheiro”, afirmou.
A obra – A obra da creche está orçada em R$ 902 mil reais. O desvio comprovado até então é de R$ 80 mil reais. Com as investigações a obra ficou parada e já está com atraso de um ano e meio, tendo sido retomada há pouco tempo.
Radio Pioneira