Família de enviado vivo ao necrotério processará médica e PSM
Os familiares do paciente Vitalino Ventura da Silva, de 57 anos, que foi enviado vivo ao necrotério deverão processar o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá e a médica responsável pelo atendimento.
De acordo com a advogada da família, Rafaela Galeski, o processo será instaurado quando as investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sob o comando da delegada Anaíde de Barros, forem concluídas.
“Os familiares ainda estão sendo ouvidos; depois, serão convocados os integrantes da equipe médica que fez o atendimento, para concluir o inquérito. Iremos entrar com o processo somente depois da conclusão”, disse.
Segundo a advogada, os familiares deverão solicitar ressarcimento ao PSMC. em razão de Vitalino ter sido enviado com vida ao necrotério.
“Iremos cobrar danos morais, por conta de toda a situação, e avaliaremos os danos materiais que foram ocasionados”, disse a advogada.
Rafaela Galeski afirmou que o Município não auxiliou os familiares, após o ocorrido no necrotério.
“A Prefeitura não prestou nenhum tipo de auxílio à família, não foi dado nenhum suporte”, disse.
Conforme a advogada, o único esclarecimento prestado pelo Pronto-Socorro foi referente a possíveis justificativas para a falha.
O diretor clínico da unidade de Saúde teria dito que uma das possíveis causas para o erro seria o “Fenômeno de Lázaro”, que acontece quando o paciente não apresenta respostas e, depois, dá sinais de vida.
Os familiares deverão acionar judicialmente, além do PSMC, a médica responsável pelo atendimento, que foi afastada após o caso. O nome da profissional não foi divulgado.
“Pretendemos que alguém seja responsabilizado pela falha. Se uma médica não está apta para verificar se um paciente está vivo, quem estaria?”, questionou a advogada.
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS) informou que, por meio da assessoria de imprensa, que a sindicância instaurada para apurar o caso deverá ser concluída no final de agosto.
Enquanto não forem concluídas as investigações, a médica responsável pelo atendimento ao paciente seguirá afastada.
Sindicância do CRM
O Conselho Regional de Medicina (CRM) também abriu sindicância para apurar o caso.
Segundo o CRM, as medidas variam conforme a investigação. Caso seja comprovado que se trata de uma eventualidade e a médica agiu corretamente, a sindicância será arquivada.
Porém, se for comprovada alguma parcela de culpa da profissional, ela será julgada pelo conselho.
As punições têm cinco níveis: advertência confidencial, que é registrada na ficha do médico; censura confidencial; censura pública; suspensão do exercício por 30 dias; e a suspensão definitiva do exercício da profissão.
Para que ocorra a suspensão definitiva, o caso é repassado para o Conselho Federal de Medicina (CFM), que dá a palavra final sobre a cassação do diploma da profissional.
O caso
Um vídeo gravado por um rapaz que passava no corredor próximo ao necrotério do Pronto-Socorro mostra que Vitalino Ventura da Silva, de 58 anos, estava em uma maca, coberto por lençóis e respirava.
“Empacotaram meu pai vivo. Isso é um absurdo!”, disse a filha Janaína Maria Ventura da Silva.
Ele foi considerado morto por quase uma hora, na noite do último dia 17, após duas paradas cardiorespiratórias.
O paciente estava internado no Pronto-Socorro desde o dia 15, quando chegou sentindo falta de ar.
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