Fazendeiros são denunciados por ameaça em MT
Sitiantes tiveram as casas queimadas durante conflito por terras da União.
Produtores rurais protestaram contra criação de reserva sustentável.
Nove meses após um conflito fundiário que deixou os moradores de Luciara, a 1.180 km de Cuiabá, isolados, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou oito fazendeiros pelos crimes de associação criminosa, sequestro, cárcere privado e ameaça aos retireiros, professores e estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A denúncia foi feita pela procuradoria de Barra do Garças, a 516 km da capital.
Em setembro do ano passado, casas de comunidades localizadas em terras da União foram queimadas durante o conflito. Uma delas pertencia ao presidente da Associação de Retireiros do Araguaia, Rubem Taverny Sales. A briga ocorreu porque os sitiantes defendiam a criação de uma reserva florestal, enquanto outros proprietários de terras temiam ser expulsos da área, como informara à época o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Conforme o MPF, as manifestações e os crimes foram orquestrados, coordenados, financiados e estimulados pela associação criminosa da qual supostamente fazem parte os denunciados. A denúncia diz ainda que, além de serem contrários à criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), cuja proposta tramita no ICMBio, os denunciados são contrários à permanência.
Os manifestantes que fazem parte da Associação de Produtores Rurais da Região bloquearam as estradas de acesso ao município. Barreiras foram montadas nas estradas que dão acesso ao município, para evitar a entrada de pesquisadores que pretendiam ir ao local coletar informaçães acerca da vida dos retirantes.
O professor Cornélio Silvano Vilarinho Neto, que coordenava o grupo de alunos da UFMT, disse que o ônibus em que estavam foi barrado duas vezes na estrada e foram obrigados a voltar para Cuiabá. Eles foram impedidos de continuar a viagem com destino a São Félix do Araguaia, a 1.159 km da capital, passando por Luciara.