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Gaeco reforça suspeita de desvio de dinheiro em secretaria

Órgão já ouviu 24 pessoas sobre suposto esquema na pasta de Assistência Social

Sem títuloA análise dos documentos apreendidos na Secretaria de Estado de Assistência Socal (Setas), durante a Operação “Arqueiro”, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) em abril deste ano, tem confirmado a suspeita de prática de peculato (desvio de dinheiro público).

A pasta era comandada pela primeira-dama do Estado, Roseli Barbosa.

De acordo com um fonte do Gaeco – órgão ligado ao Ministério Público Estadual (MPE) –, no início das investigações, a suspeita era de que apenas o crime de falsidade ideológica teria sido cometido pelo grupo investigado, com o propósito de vencer as licitações da Setas, sem risco de concorrência.

“Encontramos algumas coisas interessantes entre os documentos apreendidos, que estão sendo analisados pela nossa equipe técnica e que reforçam bastante o que as provas apreendidas já indicavam, da possibilidade de desvio de recursos”, afirmou a fonte.

A operação é coordenada pelos promotores do Ministério Público Estadual (MPE), que investigam a existência de um possível conluio entre servidores lotados na Setas e os institutos de Desenvolvimento Humano (IDH) e Concluir, visando à prática de fraudes em licitações e convênios.

Segundo o MPE, nos últimos dois anos, as empresas receberam do Estado quase R$ 20 milhões para executar programas sociais referentes ao “Qualifica Mato Grosso”, “Copa em Ação”, entre outros.

De acordo com as investigações, ambos os institutos teriam um único dono, o empresário Paulo Lemes.

Para que as empresas sempre saíssem vencedoras das licitações, seriam usados nomes de “laranjas” pelos fraudadores – o que configura o crime de falsidade ideológica.

“As investigações, até o momento, apontam ainda o envolvimento de outras pessoas, entre servidores da Setas e empresários, além daqueles já apontados no início da operação. Com isso, mais pessoas devem ser incluídas nas oitivas, quando elas forem retomadas”, disse a fonte.

Interrogatórios suspensos

O processo de tomada de depoimentos foi suspenso pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso no dia 7 de maio, depois que a defesa do atual secretário da pasta, Jean Estevan, alegou não ter acesso ao conteúdo da investigação, como interceptações telefônicas e quebra de sigilos bancário e fiscal realizados pelo Gaeco.

O pedido de suspensão de seu depoimento foi acatado pela desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho.

Na ocasião, o Gaeco decidiu suspender as demais oitivas agendadas para “evitar futuras alegações de nulidade”.

Segundo a fonte, um dos documentos solicitados pela defesa foi uma medida cautelar de Primavera do Leste (a 240 km de Cuiabá), que teria ligação direta com o início das investigações.

As defesas de todos os investigados já estariam de posse dos documentos solicitados, e o Gaeco aguarda a manifestação dos advogados de já terem tudo que necessitam em mãos para retomar os interrogatórios.

Além disso, a ausência do promotor Marcos Regenold – afastado do Gaeco desde sua citação na Operação Ararath, pelo seu relacionamento com o investigado Eder Moraes – e as férias de outro membro da promotoria são situações que devem ser resolvidas antes que os depoimentos sejam retomados.

Até o momento, o Gaeco já ouviu 24 pessoas. Além de Jean Estevan, também se encontram na lista de oitivas do Gaeco a secretária-adjunta de Trabalho e Emprego da Setas, Vanessa Rosin, e o secretário-adjunto de Assuntos Comunitários da Setas, Benjamin Franklin.

Também deverá ser ouvido o empresário Paulo Lemes, dono da franquias da Microlins em Mato Grosso e que também comandaria os dois institutos alvos da investigação, bem como a primeira-dama do Estado e ex-chefe da Setas, Roseli Barbosa, que se desligou do cargo em 28 de fevereiro deste ano.

Operação Arqueiro

As investigações da Operação “Arqueiro” começaram após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo, promovidos pelo Governo do Estado.

Para obterem êxito nas contratações, nomes de “laranjas” foram utilizados pelos fraudadores. A qualidade dos cursos oferecidos também está sendo questionada.

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