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Lixo espacial é encontrado em vila de Salinópolis, no Pará

 

Peça de veículo espacial encontrada no Pará Victor Furtado

SALINÓPOLIS (PA) – Um pedaço de um veículo espacial da Agência Espacial do Reino Unido – UK Space Agency, também com a logomarca da Arianespace Solutions, foi encontrado por um pescador, na Vila Macapazinho, em Salinópolis (PA), a 220 km de Belém. Tratava-se de uma placa grande de fibra de carbono, aparentemente do casco externo. Após uma avaliação prévia, na tarde de segunda-feira, o Grupamento de Bombeiros do município isolou a área e vai acionar serviços de aviação para ter certeza se há ou não qualquer risco de radiação ou contaminação. Por se tratar de lixo espacial, a própria agência britânica deverá ser acionada para recolher a peça e prestar quaisquer serviços necessários.

Na parte interna do peça, era possível ver escotilhas, cabos, circuitos e esponjas. Numerações mostravam respiradores e data de fabricação de 2012. Por imagens do site da UK Space Agency e da Arianespace Solutions, o objeto pode ser um lançador de foguete da linha Ariane 6, que é de fabricação de 2012. Porém, as duas empresas ainda não confirmaram, apesar de já contatadas.

Para mover a parte para que os bombeiros pudessem isolá-la, às 16h desta segunda, foram necessárias onze pessoas. Somente os bombeiros e policiais estavam com algum equipamento de segurança e, ainda assim, moradores da Vila ajudaram. Nesse momento, o risco de contaminação ou radiação foi ignorado. Isso mostra o quanto a situação é inusitada e nova para as autoridades. Um policial até estava com a intenção de levar um pedaço solto do item, mas desistiu ao ser lembrado dos riscos. Os bombeiros e policiais gostaram tanto da ocorrência que aproveitaram para fazer selfies com a peça.

‘Veio boiando e prendeu na minha linha’

Quem encontrou foi o pescador e lavrador Manoel Alves dos Santos, de 73 anos. Ele mora na Vila, que fica a cerca de 15 km do centro de Salinas, e conta que estava pescando no rio Uriandeua na noite de sábado. Na hora em que viu a enorme peça, se assustou ao pensar ser uma baleia – o rio é ligado ao Oceano Atlântico – ou cobra.

– Veio boiando e prendeu na minha linha e comecei a puxar até ver o que era. Deixei na beira e depois um pessoal trouxe aqui para o porto da Flaura. É a primeira vez que vejo algo assim – relatou, mostrando não ser uma história de pescador.

– Foguete é novidade, realmente. Já atendemos ocorrências de partes de aviões, mas essa é a primeira vez. É chamada de ocorrência de cunho tecnológico. Vamos acionar os serviços de investigação da aeronáutica e da Força Aérea Brasileira (FAB). Por enquanto vamos isolar a área para evitar qualquer risco. Possivelmente, a Agência Espacial do Reino Unido será comunicada, pois é lixo espacial que ela terá de recolher e prestar qualquer serviço de saúde, ambiental ou social – explicou o capitão Jair Barbosa, dos bombeiros.

Todos os que tiveram contato com o material foram orientados a ficar atentos a sintomas adversos, como coceiras, irritações, náuseas ou qualquer outro.

O taxista Gilson dos Santos, de 45 anos, é proprietário do sítio Canudo, do qual a Vila Macapazinho faz parte, e reclamou da demora das autoridades em atender a ocorrência. A peça foi encontrada a 300 do porto.

– Não explicaram o que era e chamamos ainda no domingo de manhã, mas ninguém veio. A imprensa veio primeiro – criticou.

Um dos policiais comentou ter sido difícil acreditar na história até que foi vista de perto.

Dentre as atividades da UK Space Agency estão pesquisas e programas em tecnologia espacial, como análises climáticas e previsão do tempo. A agência do Reino Unido injeta 9,1 bilhões de libras por ano na economia da Coroa Britânica, o que dá mais de R$ 34,2 bilhões. Para a prática de lançamentos de satélites de geomonitoramento, a Agência Espacial do Reino Unido se vale da Lei do Espaço Exterior (OSA, em inglês), de 1986, que serve como base legal para a regulamentação das atividades no espaço exterior realizados por organizações ou indivíduos estabelecidos no Reino Unido ou de um dos territórios ultramarinos ou Dependências da Coroa Britânica.

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