“Me taxaram de louca”, afirma cuiabana que sofreu abuso do médico Roger Abdelmassih
Uma visita ao profissional que iria auxiliar um casal estéril no tratamento de fertilização terminou com o abuso sexual da pedagoga cuiabana, Waleska Spinelli, 52 anos. Ela é uma das vítimas do médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por atacar sexualmente 52 mulheres. Após ficar por três anos foragido, ele foi pego em uma operação da polícia paraguaia na segunda quinzena do mês de agosto.
“Na época me taxaram de louca. Ninguém acreditou em mim, nem mesmo meu marido em face de tudo o que ele representava”, declarou
Hoje, mais de 20 anos depois do crime, a pedagoga sente-se de ‘alma lavada’ com a prisão do médico. “Passei por um sofrimento muito intenso, físico e psicológico, fiz terapia. Recorri a Deus, a igreja. Imagine como foi denunciar aquela situação em 1991?”
A pedagoga conta que o primeiro cliente do médico, em 1987, foi seu marido que foi submetido a uma cirurgia com Roger, que clinicava como urologista na época. Dois anos depois, quando o médico já atuava como pioneiro, o casal se mudou para Campinas (SP) para que pudesse iniciar o tratamento de fertilização. “Programamos para 1991 o início do tratamento, bastante caro, naquela época nós chegamos a vender ações de quatro ou cinco telefones fixos para poder custear o tratamento”.
Ela ainda relata que durante uma consulta individual, Roger passou a apresentar um comportamento estranho, questionando sobre a relação do casal. Na ocasião, ele questionou a pedagoga quanto a um encontro particular. Na sequência, ela conta que tentou agarrar a mesma e a jogou na parede.
“Eu reagi, o empurrei, dei um chute em suas partes íntimas. Graças a Deus eu só fui a uma consulta”. Ela ainda relata que o médico, como era poderoso, usava de pressão psicológica para desacreditar suas vítimas. Mesmo assim, ela relatou o episódio, mas apesar do sofrimento, ela foi questionada pelo marido. Por medida de segurança, ela passou a ser acompanhada por uma atendente da equipe de Roger, que ainda tentava manter contato com ela via bilhetes.
Em 2009, pouco após após as primeiras denuncias contra ele e, diante da repercussão nacional, ela procurou o Ministério Púbico de São Paulo e denunciou o caso. Foi aconselhada a denunciar o caso para o Conselho Regional de Medicina e também à polícia.
Hoje, Waleska conta que realizou seu sonho e buscou apoio na igreja católica para enfrentar todo o seu sofrimento.
Há quatro anos a pedagoga realizou o sonho por meio de um processo de adoção legal e é a mãe de um garotinho de 4 anos. “As pessoas não podem se calar diante de uma situação como essa”, finaliza.
Olhar Direto