Nestor Cerveró cita US$ 100 milhões de propina ao governo de FHC
Informação do ex-diretor foi dada à PGR antes de formalizar delação.
Compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu em 2002.
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar o acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
O documento em que consta a informação foi obtido pela RPC. Cerveró está preso pela Lava Jato desde janeiro do ano passado.
A compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu em 2002. Ainda de acordo com o depoimento, Cerveró disse que quem repassou essa informação a ele foram os diretores da Pérez Companc e Oscar Vicente, ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem.
O G1 tenta contato com o Insituto FHC.
Menem foi condenado em janeiro de 2015 a quatro anos e meio por um caso de corrupção durante seu governo (1989-1999). Em junho de 2013, Menem também foi condenado a sete anos de prisão por sua responsabilidade no contrabando de armas para a Croácia e o Equador durante seu governo.
Já Oscar Vicente, segundo Cerveró, seria o principal operador de Menem. “Durante os primeiros anos da nossa gestão, permaneceu como diretor da Petrobras na Argentina”, argumentou o ex-diretor da Petrobras.
A delação de Cerveró foi homologada recentemente e segue em segredo de Justiça. Nela, Cerveró cita pagamento possíveis pagamentos de propina aos senadores Renan Calheiros (PMDB), Jader Barbalho (PMDB) e Delcídio do Amaral (PT), que foi preso no dia 25 de novembro.
Prêmios milionários
Cerveró também argumentou à PGR que diretores da Companc e Oscar Vicente receberam prêmios milionários pela negociação da petrolífera.
“Cada diretor da Perez Companc recebeu um milhão de dólares como prêmio pela venda da empresa e Oscar Vicente 6 milhões. Nos juntamos a Perez Compac com a Petrobras Argentina e criamos a Pesa (Petrobras Energia S/A) na Argentina”, declarou Cerveró.
Investigação
De acordo com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público Federal (MPF), Cerveró, na condição de diretor Internacional da Petrobras, se beneficiou do esquema de fraude, corrupção e desvio de dinheiro, recebendo propinas milionárias em virtude de diferentes contratos da Petrobras e também na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
O ex-diretor já foi condenado duas vezes pela Justiça Federal por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se somadas, as penas ultrapassm 17 anos de prisão.
Delação premiada
A deleção premiada de Cerveró foi homologada após a divulgação de uma gravação feita numa reunião do senador Delcídio do Amaral com o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o filho de Cerveró, Bernardo. Diogo Ferreira teve a prisão temporária convertida para preventiva.
A conversa foi gravada por Bernardo, com um celular no bolso. Nela, eles discutiram um plano para evitar que o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró assinasse um acordo de delação premiada.
O senador Renan Calheiros nega a imputação e reitera que suas relações com empresas públicas ou privadas nunca ultrapassaram os limites institucionais. Já a defesa do senador Delcídio Amaral afirmou que não vai se manifestar. A assessoria de imprensa de Jader Barbalho informou que o senador não vai se pronunciar por enquanto.