Opinião

Obras públicas

qqqqConstroem-se escolas, casas ou qualquer obra pública sem a maior parte do que constava no edital.

No recente jogo entre Barcelona e Espanyol, se fica sabendo que o estádio deste outro time da mesma cidade, inaugurado em 2009, para 41 mil pessoas, custou 95 milhões de euros ou 300 milhões de reais. A Arena Pantanal, para 42 mil torcedores, custou 646 milhões de reais. Mais que o dobro e se comparar os dois estádios o nosso leva um baile.

O estádio Mané Garrincha em Brasília custou 1.778 bilhões. Estádio para 71 mil pessoas, mas não justifica ser seis vezes mais caro que aquele do Espanyol de Barcelona. Tem alguma coisa errada com a gente, não tem?

O Hospital Júlio Muller, ali na estrada de Santo Antônio, só teve 11% da obra concluída e o empreiteiro escafedeu-se. Os centros de treinamento do Pari e da Universidade não foram terminados e o que foi feito é uma vergonha. Nem precisa falar em VLT, viadutos ou trincheiras.

Constroem-se escolas, cadeias, casas populares, hospitais, asfaltos, meio-fio ou qualquer obra pública sem a maior parte do que constava no edital. A rua comenta há anos como funciona tudo isso.

O projeto executivo da obra é feito pelo Executivo. Em muitos casos quem faz o tal projeto é uma firma contratada para isso. Seja feito por ela ou diretamente pelo poder público, na maioria das vezes, erros aparecem porque os que o fizeram são incompetentes ou já era combinado fazê-lo daquela maneira. Em qualquer dos casos é disso que saem os aditivos que a lei permite que seja até 25% do valor da obra. Aditivos ajudam nas campanhas.

Tem casos mais interessantes ainda. Um grupo ganhou a eleição e saiu devendo bastante. Depois da posse, para pagar parte das contas, contratou empreiteira de amigo para obras em estradas. A lei permitia, não sei se permite mais, que se antecipasse 30% do valor da obra para que o empreiteiro colocasse ‘máquinas no campo’. Nem colocou máquinas, acho que nem as tinha, pegou o dinheiro para quitar dívidas da campanha de 1986.

Hoje quem ganha a concorrência para construir uma escola não são grandes empreiteiras, estão começando no negócio ou são pequenas ainda. São mais fáceis de serem achacadas.

Digamos que a escola custaria um milhão de reais. Vão tomar do pequeno empreiteiro uns 30%, para o político ou partido que o apadrinha, para o fiscal da obra ou para o escambou. O empreito precisa ter um lucro de, sei lá, uns 100 mil reais. Aquela obra seria feita com 600 mil reais, portanto. Para caber nisso, todo o material é de segunda categoria, fora do que dizia a licitação.

Dá naquilo se vê hoje nas construções escolares, em que todo ano se precisa de remendos. A pilantragem é tão grande que até esses futuros remendos já fazia parte da malandragem para tomarem mais tarde mais dinheiro dos governos. Essa rotina irritante e de gasto absurdo tem que desaparecer da agenda estadual. Sonhar não custa nada, né?

Fonte: Mídia News

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