Para Sarah, bronze é aprendizado: ‘Deu para ver como será em 2016’
É claro que Sarah Menezes preferiria ter deixado o Mundial de Judô do Rio com a medalha de ouro no peito. Dava para ver na sua feição. A piauiense entrou no tatame, duelo a duelo, disposta a resolver a parada, acabar com as lutas. Na semifinal diante da judoca da Mongólia, porém, técnica e vontade não foram suficientes. Por motivos que a própria judoca ainda não sabe explicar, a derrota aconteceu. Perseverante, Sarah trocou o quimono branco pelo azul, voltou ao tatame, e conseguiu um ippon no último segundo, conquistando seu terceiro bronze em mundiais. O SporTV transmite as lutas desta terça ao vivo, a partir de 10h.
E se o ouro não veio, a derrota na semifinal, a vitória seguinte e o pódio dentro de casa, no Maracanãzinho “fervendo”, serviram de aprendizado para Sarah. Minutos após receber a medalha de bronze e ainda de quimono, a judoca já era capaz de perceber como o dia pode ter sido proveitoso quando o assunto é amadurecimento e preparação para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, quando ela espera trazer o bicampeonato olímpico na categoria ligeiro (até 48kg).
Para mim foi muito positivo lutar dentro de casa. Sempre me dei bem em competições grandes, com atletas fortes. Fico muito feliz de lutar dentro de casa, com a torcida. A vibração das arquibancadas foi muito positiva e eu gosto de eventos assim. Fico muito feliz. Me senti bem e gosto dessa sensação. Fora não tem a torcida brasileira. Deu para perceber também um pouco como serão as coisas em 2016, quando espero trazer o bicampeonato olímpico. Essa é a minha meta. No Mundial está faltando derrubar na semifinal, mas ainda vai sair – frisou a judoca.
Acostumada a lutar fora do país, Sarah teve por perto a companhia dos pais, José Rogério Menezes e Olindina. Mas garantiu não ter sentido um frio na barriga a mais por ter sua família ao lado. Das arquibancadas, ambos sofreram, gritaram, choraram e se emocionaram com o bronze de Sarah no último segundo. A judoca, porém, só se encontrou com os pais horas depois, já no hotel onde a delegação do Brasil está hospedada, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.
– Foi tranquilo lutar com meus pais aqui. Para eles foi bem intenso. Eles não têm esse costume de assistir a grandes competições comigo, que sempre são fora do país. Nem me lembro da última. Mas eu procuro desfocar. Todos que gritam ali, eu só foco a atleta que eu vou lutar – garante Sarah.
Na primeira luta do dia, Sarah demonstrou nervosismo. Diante da cazaque Aigul Baikuleva, a brasileira teve momentos de desatenção, quase viu a rival encaixar um golpe perigoso, e por pouco não viu todo o planejamento ir por água abaixo. A vitória só veio na reta final, com um wazari sobre Aigul. Depois, de cabeça fria e tranquila, a piauiense revelou que o primeiro duelo realmente foi tenso.
– A primeira luta é sempre assim, bate aquele nervosismo. É sempre mais tenso. A estreia é sempre mais difícil. Quando passa a primeira luta, as coisas fluem, o caminho vai sendo mais fácil. Pode ser aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar – explicou.
A briga pelo ouro inédito não acabou. Sarah quer conseguir o feito no ano que vem, no próximo Mundial da modalidade, na Rússia.
– O bronze tem um gostinho bom. A gente brigou muito pelo ouro. Não deu desta vez, então agarramos o bronze. Eu não podia é deixar escapar a medalha. A medalha mostra que nosso trabalho está dando certo. O importante é estar entre os melhores. O ruim é quando você não sobe no pódio.
Globo Esporte