PMs se revoltam contra prisões de colegas e abrem crise com Civil em MT
Seis policiais foram detidos acusados de integrar grupo de extermínio em Cuiabá e VG
A prisão dos seis policiais militares na “Operação Mercenários”, deflagrada nesta terça-feira (26) pela Polícia Civil, acabou incomodando vários membros da corporação. Alguns policiais se manifestaram de forma contrária as prisões em redes sociais e em grupos de aplicativo de celulares.
Em redes sociais como o Facebook, praças e oficiais se solidarizaram ao subtenente Claudemir Maia Monteiro, ao cabo Helbert de França Silva e ainda aos soldados Ueliton Lopes Rodrigues, Pablo Plínio Mosqueiro Aguiar, Vagner Dias Chagas e Jonathan Teodoro de Carvalho, presos na operação. Os militares repudiaram a operação e as declarações do secretário de segurança pública, Rogers Elizandro Jarbas.
Em coletiva na tarde de ontem, o secretário, que é delegado da Polícia Civil, atribuiu 40% dos homicídios na cidade de Várzea Grande nos últimos três anos a grupos que os seis policiais detidos participavam. “A operação não foi informada para a PM. Foi tudo de caso pensado para denegrir a imagem da instituição”, reclamou um policial.
Para um cabo da PM, os policiais detidos foram “bode expiatórios” da Polícia Civil, que não vinha obtendo êxito nas investigações de homicídios em Cuiabá e Várzea Grande. O policial destacou ainda que a maioria das vítimas tinha envolvimento com a criminalidade. “Agora, esses molengas da cúpula de segurança vão jogar toda a incompetência de investigação de homicídio nas costas desses coitados que só fizeram o bem, matando esses facínoras, ladrões e outros crápulas”, desabafou.
Outra postagem destaca a onda de corrupção no Estado e cita as prisões do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e do ex-deputado José Riva. Ainda classificou como “vergonhosas” as obras da Copa e as filas para cirurgias em hospitais públicos.
A postagem afirma ainda que os policiais estão sujeitos a matarem diante da função de proteger a sociedade dos criminosos. “Policiais militares, esses sim dão a cara para bater, entram em bairros perigosos. Eles não são esses que ficam de terno e gravata escondidos atrás de R$ 15 mil de salário. Enquanto prendem policiais, soltam vagabundos”, diz.
COMPARAÇÕES
Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem, o delegado geral da Polícia Civil, Adriano Peralta ressaltou que a “Operação Mercenária” está entre as mais importantes da história do estado. Ele colocou que os efeitos dela devem ser os mesmo provocados pelas operações Sodoma, da Polícia Civil, e da Arca de Noé, da Polícia Federal.
O comandante geral da PM, Coronel Gley Alves de Almeida, que também participou da coletiva, estava visivelmente incomodado e se limitou a dizer apenas que os policiais envolvidos nos crimes não representavam a corporação e que a corregedoria da Polícia Militar vai acompanhar o caso.
A Operação Mercenário prendeu 17 pessoas, sendo seis delas policiais militares, que foram identificados como autores de pelo menos sete homicídios na cidade de Várzea Grande. Entre os PMs presos estão soldados, cabos e um subtenente.