Poconé deixa de ser uma cidade pacata e vira palco de chacinas, assaltos e execuções
Um município que era considerado pacato por ser pequeno, a entrada do Pantanal mato-grossense vive dias de terror. Poconé, cidade de 32 mil habitantes a 100 km de Cuiabá, tem se tornado palco de execuções e roubos praticados por quadrilhas, que, segundo a própria polícia, saem de outras cidades maiores para cometer crimes lá.
O que mais chama atenção foram as três execuções na cidade, que somam oito mortos. Mãe, filha e um adolescente estavam em casa, no bairro São Judas Tadeu, no dia 8 de maio, quando um suspeito armado surpreendeu as vítimas.
Marli Gonçalves de Souza, 47 anos, foi baleada dentro de casa, enquanto a filha, Mônica Gonçalves de Souza, 24, e o namorado dela, Aelson Luiz de Campos, 16, foram executados do lado de fora. Uma das hipóteses é de crime passional. O caso foi solucionado com rapidez, mas foi apenas a primeira chacina do ano em Poconé.
Outro caso tratado como execução aconteceu na comunidade 120, entre Poconé e Cáceres. Cícero Bezerra Medeiros, 59 anos, e Rodrigo Sávio Botelho, 39, foram mortos no dia 13 de setembro de 2015, em frente à residência de Cícero, próxima ao Posto 120, na Rodovia BR-070. A filha de Cícero e a neta presenciaram todo o crime.
Segundo a Polícia, eles conversavam em frente à casa quando dois homens se aproximaram, aparentemente a pé, e efetuaram os disparos contra as vítimas. Cícero e Rodrigo não resistiram aos ferimentos e morreram ainda no local.
Os criminosos fugiram na caminhonete Hilux branca de Rodrigo. O veículo foi abandonado pelos suspeitos próximo ao município de Nossa Senhora do Livramento (42 km de Cuiabá). Os suspeitos de cometerem o crime foram presos nesta sexta-feira (13), após um intenso trabalho de investigação conduzido pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).
Presos, Wanderson de Almeida Rodrigues, 20, e Luis Guilherme Slasarski, 25, confessaram o crime e disseram que queriam apenas roubar. Os delegados Olímpio da Cunha Fernandes Junior, de Poconé, e Fausto José Freitas da Silva, da DHPP, informaram que novas diligências serão feitas em razão da confissão apontar para a hipótese de latrocínio.
Segundo investigações, esse duplo assassinato motivou uma segunda chacina na cidade. Na noite de sábado (7), um casal e uma criança de cinco anos morreram assassinados a tiros. Policiais que acompanharam a ocorrência conseguiram poucos dados sobre o crime. Porém, sabe-se que os tiros foram disparados dentro da casa e, em seguida, um veículo saiu em alta.
O delegado Olímpio da Cunha disse que a situação de violência extrema não é problema só do município pantaneiro, porém a cidade que era considerada tranquila já não vive mais dias de paz.
“Estamos empenhados em desvendar todos os crimes, porém não é fácil. Aqui a violência chegou, assim como em outras cidades. Garanto que, por ser um município perto da capital, muitos crimes são cometidos por moradores de fora, que vem aqui cobrar bronca. Por conta disso, trabalhamos integrados com delegacias de Cuiabá, Várzea Grande e especializadas, como a DHPP e GCCO”, disse o delegado.
Vale ressaltar que Poconé também foi alvo de assaltantes de banco violentos, que explodiram duas agências bancárias da cidade por duas vezes.
“Aqui não é saída para criminosos, mas sim entrada. Eles cometem esses crimes e fogem para a área rural. Vale lembrar que, nos casos de assalto a banco, eles vem muito bem preparados, com armas de grosso calibre. Todos esses casos estão sendo investigados e em breve a sociedade terá uma resposta”, concluiu o delegado Olímpio.
Nesta semana haverá uma reunião entre o secretário de Segurança Mauro Zaque, o diretor geral da Polícia Civil Adriano Peralta e a juíza Kátia Rodrigues Oliveira para debater melhorias na segurança da cidade. Um dos assuntos da conversa é o aumento de efetivo da polícia.