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Polícia diz que ex-presidente era a mentora e principal autora dos desvios

Operação investiga desvio de pelo menos R$ 1 milhão da AACC-MT.
Quatro pessoas são suspeitas e devem responder pelo crime em liberdade.

aaccA ex-presidente da Associação dos Amigos da Criança com Câncer de Mato Grosso (AACC-MT), Tellen Aparecida da Costa, é apontada pela Polícia Civil como a principal mentora do desvio de pelo menos R$ 1 milhão em recursos da instituição. Segundo o delegado Mário Aravechia, responsável pela investigação, não há informação de participação de nenhum outro membro da diretoria da instituição na fraude.

“Ficou bem claro que a presidente era a mentora e a principal autora dos desvios, inclusive produzindo farsas em documentos, extratos bancários e notas fiscais, enganando os demais diretores nas reuniões rotineiras que mantinha na instituição”, afirmou.

Conforme Aravechia, existem auditorias em andamento dos últimos cinco anos de trabalhos realizados dentro da AACC-MT, que visam avaliar toda a movimentação bancária e os valores que entraram e saíram da conta da instituição. “As investigações apontam que ela foi a única responsável pela prática da fraude”, disse o delegado.

A ex-presidente, o marido e a mãe dela e uma quarta pessoa foram presas durante a operação “Cupititas” (cobiça, em latim), deflagrada pela Polícia Civil após denúncia feita pela atual diretoria da casa. Tellen respondeu pela instituição entre 2009 a outubro de 2015, quando acabou afastada após a diretoria desconfiar da fraude.

Segundo a polícia, em depoimento, a ex-presidente assumiu as práticas ilícitas, bem como detalhou a forma como vinha cometendo as fraudes. Ela se comprometeu a restituir os valores desviados à entidade. O G1 não conseguiu contato com a ex-presidente da AACC.

O grupo passou cinco dias preso, foi ouvido, indiciado e deverá responder pelo crime em liberdade. Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão nas empresas e residências dos investigados. As ordens judiciais foram decretadas pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Os suspeitos presos na operação vão responder pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, formação de quadrilha, e possivelmente crimes contra administração, na forma de peculato, uma vez que a entidade recebeu dinheiro público de convênios, podendo ainda surgirem novos delitos.

Auditoria permanente
Segundo o atual presidente da AACC-MT, Benildes Firmo, o nome da instituição não pode ser manchado pela atuação da ex-presidente do local. Ele afirmou que, para garantir a transparência da casa, foi instalada uma auditoria externa permanente para comprovar gastos e destino de doações feitas pelos parceiros da instituição.

“A partir de agora, quem doa dinheiro vai receber um extrato da sua doação. A auditoria será feita de 90 em 90 dias e todo doador terá conhecimento do destino de tudo aquilo que ele doou. A casa não pode sofrer consequências por atitudes inadequadas de uma pessoa”, afirmou.

Se um dia essa casa sucumbir, nós estaremos decretando a pena de morte para essas crianças”
Benildes Firmo, presidente da AACC-MT

mttv2_aacc2_23-11Para Firmo, a ex-presidente deu uma “rasteira” em todas as crianças, adolescentes e famílias carentes que dependem da instituição. “Se um dia essa casa sucumbir, nós estaremos decretando a pena de morte para essas crianças. Uma pessoa que nós tínhamos consideração deu uma apunhalada nas nossas costas e nós fizemos o que devíamos: entregamos à Justiça. Agora, a justiça deve ser feita e ela vai ter que pagar”, disse.

De acordo com a associação, as atividades continuam com normalidade. Atualmente a AACC atende famílias de Mato Grosso, Rondônia e Minas Gerais, que recebem alimentação, transporte, laboratório, hospedagem, medicamentos e suporte psicossocial. Em média, são atendidas crianças e jovens com idade entre 0 a 19 anos e todos os recursos são adquiridos por doações, projetos e eventos.

“Acreditamos que as doações devem ser mantidas, porque há diversas crianças atendidas. Isso não seria justo. Independentemente dos desvios que aconteceram, os responsáveis serão severamente punidos”, disse o delegado Mário Aravechia.

 

G1-MT

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