“Quem escolheu a ilegalidade está dormindo preso”, diz Galindo
O secretário executivo de Estado de Segurança Pública, Fábio Galindo, disse que as investigações do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira) devem levar a novas operações e a prisões de ex-agentes públicos, nos próximos meses.
O comitê, do qual o governador Pedro Taques (PSDB) é presidente, tem como objetivo combater crimes de corrupção, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro público.
O Cira já respaldou operações como a Sodoma, que prendeu o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e os ex-secretários Marcel de Cursi (Fazenda) e Pedro Nadaf (Indústria e Comércio e Casa Civil), e BBPag, que prendeu 33 pessoas acusadas de desvios de dinheiro da Conta Única do Estado.
De acordo com Galindo, há expectativa quanto a novas prisões, dos mais baixos aos mais elevados cargos do funcionalismo público. Segundo ele, a iniciativa privada também voltará a ser alvo das investigações.
Conforme o secretário, as buscas e as apreensões das duas últimas operações darão possibilidade de se chegar a novos nomes.
“O que posso falar é que a força tarefa do Cira investiga todos aqueles que, de dentro do Estado, em qualquer dos postos, e da iniciativa privada, têm lama na mão. Todos serão alcançados”, afirmou.
“O trabalho da Polícia é investigar crime e prender aqueles contra os quais haja fundamento para tanto. E a Polícia, hoje, tem a independência necessária para investigar. Então, é muito provável que grandes operações, novas buscas e apreensões e novas prisões venham a acontecer ao longo do tempo”, disse.
Para Galindo, a Operação Sodoma, que investiga esquemas por meio de fraudes no Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso), não foi um caso isolado.
“Identificou-se não só um caso isolado, mas, sim, um modus operandi de concessão de incentivos ilegais, para lá na frente ter um retorno financeiro para as autoridades que conduziam o processo. Então, todos aqueles que se beneficiaram desse formato, todos que dançaram essa música, naturalmente, serão alvos de operações”, afirmou.
Para o secretário, a prisão de um ex-governador do Estado quebra o mito de que grandes políticos estão imunes à ação policial.
“Não posso adiantar quem é alvo de investigação, porque tudo segue de forma sigilosa. Mas, volto a dizer: quem escolheu o modelo da ilegalidade, clandestino, subterrâneo, está encontrando na Justiça aquilo que plantou, está dormindo preso, está com patrimônio bloqueado”, afirmou.
“Antigamente, se falava que os grandes criminosos não iam para cadeia. Mas, em Mato Grosso, essa lógica não vale. Sabemos que grandes figuras que por aqui passaram, e fizeram desvios milionários, estão às barras da Justiça, sob julgamento. Estamos mostrando as entranhas mais podres do Estado”, disse.
Galindo citou que, até o momento, nenhuma corte concedeu liberdade aos envolvidos da Operação Sodoma.
“As prisões decretadas na Sodoma foram mantidas, até o presente momento, pelo Supremo Tribunal federal (STF). O que significa que a Polícia e o Ministério Público trabalharam bem, de forma correta, levantaram as provas, dentro do devido processo legal”, afirmou.
Tropa de choque
Segundo o secretário, o Governo vem enfrentando “forças contrárias” às ações de combate à corrupção, implantadas nesta gestão.
Ele citou que pessoas que estiveram de alguma forma envolvida em ilicitudes trabalham para atrapalhar o Cira ou até auditorias do Governo.
“Há uma tropa de choque tentando acabar com aquilo que foi montado, com a estrutura montada para combater a criminalidade. Os grandes corruptos não querem ser pegos. Estão, são duas forças que estão se chocando”, disse.
O Cira
O Cira tem a finalidade de propor medidas judiciais e administrativas para o aprimoramento das ações e da efetividade na recuperação de ativos de titularidade do Estado.
Segundo o secretário, a maior inovação do comitê será o trabalho em conjunto do Governo, com a Polícia Civil e o Ministério Público.
“O Cira não é um novo órgão, por isso não precisa de lei para ser criado. É, sim, uma nova forma de atuação. Os órgãos continuam os mesmo, mas eles passam a ter uma interligação, intercomunicação, intercâmbio de informações permanentes”, disse.
“Essa máquina é alimentada por informações de inteligência e por isso consegue fazer trabalhos de outros formatos, de qualidade. Então, o Cira trabalha nos moldes de uma força-tarefa permanente para recuperação de ativos, trabalhando com um planejamento estratégico”, afirmou.
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