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Sachetti diz que saiu da Agecopa após ofensas e humilhações de outros diretores

ccO deputado federal Adilson Sachetti (PSB), ex-diretor-presidente da extinta Agecopa, disse que as brigas internas na diretoria da agência, somadas às interferências políticas externas, o levaram a pedir demissão do cargo, em outubro de 2010. Apesar de considerar os atritos com os outros diretores da autarquia como parte do passado, Sachetti foi questionado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa, nesta terça-feira (27), e revelou a tensão nos bastidores da preparação para a Copa 2014 em Cuiabá.

“O relacionamento estava insustentável. Estávamos em um nível de tensão e agressão verbal que, se levassem ponta de faca, iríamos nos digladiar. Eu fui ofendido e humilhado. Minha mãe e minha mulher foram ofendidas. Foram usados adjetivos de baixo calão várias vezes nas discussões”, afirmou o parlamentar. Porém, ele evitou citar nomes, e disse que suas mágoas pessoais não são alvo da CPI. “A CPI está aqui para investigar o mal-feito. Os atritos que tivemos são passado, já fazem mais de cinco anos”, disse.

Um dos problemas na relação com o restante da diretoria era o fato de as decisões serem colegiadas, porém, a responsabilidade era apenas do ordenador de despesas, que era o diretor-presidente. Sachetti criticou o formato da agência, e disse que a transformação em Secopa, com uma hierarquia, foi positiva. “A Agecopa tinha um desenho falho. Em lugar nenhum do mundo você partilha decisões sem partilhar responsabilidade”, disse.

Pressão política

A pressão para realização de obras não relacionadas diretamente ao Mundial também incomodava o então presidente. “Havia interferência política em excesso. Por exemplo, fazer obras onde não precisava, onde não era da Copa. Quando você começa a receber pressão para fazer uma obra que não tem interesse para a Copa, você fica com o pé atrás. O que a Copa tem a ver com o Ribeirão do Lipa? Eu tentei cancelar essa obra de pavimentação, mas não foi possível porque o edital foi lançado na minha ausência. Consegui cancelar outras cinco da mesma época”, disse.

Porém, ele não quis citar a origem das pressões, e afirmou que basta ver quem foi beneficiado com as obras. Sachetti garantiu que não era contra as obras de mobilidade urbana espalhadas por toda a cidade, mas que achava que elas não deveriam ser realizadas pela Agecopa, e sim pela prefeitura. Para ele, o excesso de obras e poderes da Agecopa transformou a agência em um “estado paralelo”.

“A Agecopa tinha que fazer o que estava na matriz de responsabilidade da Copa: o estádio, os centros de treinamento, o fan park e a mobilidade urbana, que no caso seria a obra do BRT (Bus Rapid Transit). A agência tinha mais força que o estado para fazer obras, e não era essa a intenção, a intenção era fazer a Copa do Mundo. Abrir demais o portfolio de obras foi um erro. A Agecopa se tornou um estado paralelo”, afirmou.

Atraso de 5 anos

Sachetti ainda “puxou a orelha” dos deputados e reclamou, também, do fato de não ter sido chamado pela Assembleia à época da demissão, em outubro de 2010, para explicar os motivos e esclarecer o que estava acontecendo na Agecopa. Ao ser questionado por Wagner Ramos (PR) sobre as brigas na diretoria da agência, ele lembrou que o republicano já era deputado em 2010 e à época ninguém o convocou para falar sobre sua saída da Agecopa.

“Os atritos da Agecopa são passado. Lamento a Assembleia nos chamar aqui cinco depois para perguntar isso. Tinha que ter perguntado naquele ano. O presidente da Agecopa era o segundo cargo mais importante do estado. Eu fui sabatinado pela Assembleia para assumir o cargo. Quando eu pedi demissão, deveriam ter me chamado para perguntar por que”, disparou.

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