Polícia

Sete professores são presos em MT e 12 são afastados por abusar de alunos

Crimes como estupros e assédio seriam praticados no ambiente escolar.
Seduc-MT abriu processo administrativo e afastou docentes das salas.

escolaSete professores foram presos este ano suspeitos de violência sexual contra crianças e adolescentes, em Mato Grosso, e ao menos 12 respondem a processo administrativo na Secretaria Estadual de Educação (Seduc-MT) pela prática do crime. Alguns dos casos ocorreram dentro de escolas e até mesmo em salas de aulas, cujas vítimas têm idades entre 9 e 16 anos.

Os fatos foram descobertos após denúncias e boletins de ocorrências registrados em delegacias de Cuiabá e também no interior do estado, que resultaram em inquéritos, processos criminais na Justiça e administrativos.

Os professores são acusados pelos alunos por crimes como estupros, atentados violentos ao pudor e assédio sexual, segundo informou ao G1 o delegado Eduardo Botelho, titular da Delegacia Especializada em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) de Cuiabá.

professores.jpg1“A pessoa que comete esse tipo de crime estabelece um elo de confiança com a vítima. O suspeito propicia um vínculo direto e, no cargo de professor, isso é bem mais fácil de conseguir”, observa o delegado.

Ele destaca ainda que muitas alunas, dentro desse contexto, acreditam que podem ser “beneficiadas” de alguma forma se cederem aos assédios. “Muitas delas acreditam em benefícios e acabam se tornando vítimas”, pontuou.

As prisões dos professores ocorreram entre os meses de maio e junho deste ano, em Cuiabá; Campo Novo do Parecis (397 km da capital) e Sinop (a 503 km). Todos continuam detidos e três deles já foram denunciados anteriormente por violência sexual e respondem a ações na Justiça.
De acordo com a Secretaria de Educação (Seduc), processos administrativos foram instaurados contra 12 professores acusados por alunas de assédio sexual.
O crime, segundo o órgão, teria ocorrido em 12 escolas localizadas na Grande Cuiabá e em outros municípios. As investigações são sigilosas e os nomes das unidades não foram reveladas.

Prisões

A última prisão feita pela Polícia Civil envolvendo docente ocorreu no dia 30 de junho, em Cuiabá. Um professor de 29 anos é suspeito de abusar sexualmente de, pelo menos, quatro adolescentes em troca de notas altas. Ele dava aula de história para o ensino médio, no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT). As alunas teriam idades entre 15 e 17 anos, conforme investigações. À polícia, o professor confessou ter se relacionado com duas adolescentes, mas que não seria em troca de notas.

professores.jpg2Adriano Knippelberg de Moraes confessou à polícia que manteve relações sexuais com uma aluna adolescente e que apenas trocou beijos com outra menor de idade. “Ele disse que os episódios teriam ocorrido em razão de interesse mútuo e não em troca de notas altas”, contou o delegado. O suspeito foi encaminhado para o Centro de Custódia de Cuiabá.

No dia 29 de junho, em Campo Novo do Parecis, um professor de inglês e artes foi preso suspeito de molestar nove alunas com idades entre 9 e 12 anos. Demerval Pires Gaspar, de 56 anos, já tinha sido denunciado em outubro do ano passado por uma estudante, mas à época as investigações foram encerradas por falta de provas que pudessem incriminá-lo.

Na delegacia, Demerval Pires Gaspar negou os supostos abusos e alegou que dava carinho às crianças porque eram carentes. Ele foi preso na casa dele em cumprimento a um mandado de prisão preventiva. “Exceto o caso ocorrido no ano passado, os outros casos ocorreram na escola e em sala de aula. Por trás da mesa dele, ele acariciava as meninas”, disse o delegado Waner dos Santos Neves, que atua na cidade. O caso está sendo investigado desde outubro. E, então, as alunas denunciaram novamente o professor.

Já em Sinop, Um professor de 40 anos teve a prisão decretada no dia 29 de junho por estupro de vulnerável. Ele é suspeito de praticar o crime durante aulas de violão em uma escola de música na cidade, segundo a polícia. Cinco vítimas procuraram a delegacia para denunciá-lo.

professoresO delegado Carlos Eduardo Muniz, disse que o professor se aproveitou do momento em que ficava sozinho com as alunas. Ainda segundo o delegado, o professor é suspeito de ter cometido o mesmo tipo de crime em Minas Gerais. Ele está preso na Penitenciária Osvaldo Florentino Leite, o ‘Ferrugem’, em Sinop.

Um monitor de 19 anos da Escola Municipal Marechal Rondon, no bairro Alvorada, em Cuiabá, foi preso em flagrante na tarde do dia 1º de junho suspeito de assediar uma aluna de 11 anos. Ele dava aulas de informática na unidade por um programa do governo federal. Levado para a Delegacia de Polícia do Carumbé, ele foi autuado por assédio de criança, por meio de comunicação, a fim de praticar ato libidinoso com ela.

A menina está na 5ª série e a mãe dela afirma que a filha não quer mais ir à escola. O caso foi descoberto depois que a criança contou o que estava acontecendo para uma prima, filha da irmã do pai da vítima. Essa tia pegou o celular da menina e viu as mensagens. Os pais foram avisados e acionaram o Conselho Tutelar e a Polícia Militar.

Um professor de siriri e cururu de 53 anos foi preso pela Deddica de Cuiabá, no dia 19 de maio, suspeito de abusar sexualmente de um menino de 12 anos. Ele dá aula de dança na capital mato-grossense e é amigo da família da suposta vítima. O crime teria ocorrido durante uma festa, no mês de fevereiro.

Dois professores de duas escolas de futebol para crianças, presos desde o dia 16 de maio em Cuiabá, teriam abusado sexualmente de 20 alunos. Conforme a Polícia Civil, Júlio César Patini e Gesiel Gomes, de 52 e 34 anos, faziam promessas de que os garotos entrariam em grandes clubes de futebol do país. Em troca disso, os meninos tinham que ter relações sexuais com os professores.

O G1 não conseguiu encontrar os advogados que defendem Júlio e Gesiel. No entanto, em depoimento, os dois professores negaram que abusaram das crianças. O inquérito foi concluído e os professores foram indiciados por estupro de vulnerável e exploração sexual de adolescentes. Inicialmente as investigações apontavam que o número de vítimas seria 10.

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