Política

“Sinto um misto de tristeza e alegria”, diz Taques no Roda Viva

lEntrevistado na noite desta segunda-feira (09) pelo programa “Roda Viva”, da TV Cultura, o governador Pedro Taques (PSDB) comentou a prisão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e de outros políticos em Mato Grosso, assim como casos de corrupção supostamente cometidos na gestão de seu antecessor.

“Isso para mim é um misto de tristeza e alegria. Tristeza, porque nosso estado é visto de uma forma equivocada, e alegria, porque as instituições estão funcionando. E funcionando de acordo com o que determina a Constituição”, declarou Taques, ao responder o questionamento de um dos jornalistas que participaram do programa.

Além de falar sobre temas nacionais, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e as investigações envolvendo a estatal Petrobras, Taques ainda falou sobre economia de Mato Grosso, agronegócio e meio ambiente, além da polêmica obra do VLT Cuiabá/Várzea Grande.

O governador explicou que conseguiu equilibrar as contas do Estado com corte de gastos em todas as secretarias – e sem a necessidade de aumentar impostos.

“Eu não posso aumentar imposto sem fazer o dever de casa. Reduzimos o tamanho da máquina do Estado. Cortamos cargos comissionados e reduzimos o número de secretarias, para que tivéssemos este equilíbrio fiscal. Nós tivemos uma redução de custeio linear, chegando a 25% em todas as secretarias, para sobrar dinheiro para fazer políticas públicas. Este ano não aumentamos as alíquotas do ICMS. Apesar da dificuldade que o estado passa, conseguimos honrar o pagamento dos salários dos servidores públicos. Precisamos discutir em cada segmento” afirmou o tucano.

Na oportunidade, o governador aproveitou para “vender” a imagem do estado nacionalmente. Destacou que Mato Grosso lidera a produção agrícola em vários setores, como na soja e algodão.

“Mato Grosso, hoje, é o maior produtor de pescado de água doce, produzimos 26% do pescado de água doce do país. Maior produtor de soja, 35% da soja do Brasil. Maior produtor de milho, 39% do país. Maior produtor de algodão, 59% do algodão do Brasil; 65% do girassol; 70% do milho de pipoca. E temos o maior rebanho de bovino do país, com 29 milhões de cabeças de gado”, disse.

“Nos últimos dez anos, Mato Grosso reduziu em 92% o nível de desmatamento. Então, o produtor mato-grossense conhece e sabe da importância do desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental, econômico e social, para que possamos conquistar mercados internacionais. O nosso principal parceiro é a China. Exportamos 56% de tudo que produzimos para a China”, afirmou.

Obras da Copa

O governador destacou ainda as auditorias realizadas pelo governo nos contratos envolvendo as obras para a Copa do Mundo de 2014. O imbróglio envolvendo o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ganhou destaque nacionalmente, mais uma vez.

“As duas maiores obras da Copa do Mundo em Cuiabá estão paradas. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), no valor de R$ 1,437 bilhão, hoje o estado já pagou 1,066 bilhão e o consórcio ainda pede mais R$ 800 milhões. Quando assumi, determinei que a Procuradoria Geral do Estado [PGE] ajuizasse uma ação junto ao Ministério Público Federal e Estadual para que pudéssemos saber o que foi gasto. Por exemplo, os vagões foram pagos e estão lá parados”, disse.

O tucano apontou a contratação da empresa KPMG consultoria, pelo valor de R$ 3,8 milhões, como solução para dar andamento ao contrato, após auditoria no contrato e propostas de modelo para a operação e tarifa do modal.

“Eu não tenho R$ 800 milhões para pagar agora. Fizemos um pedido e a Justiça Federal determinou que pudéssemos contratar uma empresa de consultoria, para que possa apresentar três produtos. O primeiro: o que foi gasto e como foi gasto? O segundo produto: o modelo de operação do VLT. E o terceiro: o modelo tarifário. Não é possível que nós possamos perder essa obra”, afirmou.

Impeachment

Ainda no programa, Taques voltou a defender a discussão em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

Para ele, há elementos suficientes para que colocar em pauta na Câmara Federal.

“Falar que o Impeachment é golpe, é não conhecer a Constituição da República. Se é golpe, então a condenação do Supremo é golpe, do TSE é golpe, do TCU é golpe, porque todos esses instrumentos estão previstos na Constituição”, disse.

“Eu entendo que exista, sim, condições para que a Câmara dos Deputados possa decidir. Isso não é ofensa e nem quero que seja. O processo é um instrumento de dignidade. Até que possa resultar em autorização para o Senado julgar a presidente”, afirmou.

Cunha

O governador ainda classificou como “risível” a defesa do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, que alegou que recursos no exterior não são frutos de verba pública, mas de relação comercial da venda de carne enlatada para a África.

“Eu não vou ser leviano de julgar. Agora, não sou idiota de acreditar em uma defesa como essa. Você dizer que foi carne moída vendida para África é dizer que o cidadão brasileiro não tem uma noção do que ocorre no mundo real. Para mim, isso é uma defesa fictícia. É uma defesa risível”, disse.

Taques ainda disse ser contra que o PSDB apoie o presidente da Câmara.

“Justamente é partido, não inteiro, porque existem posições diversas. Eu não concordo com essa posição do PSDB, já manifestei isso à direção do PSDB. Agora, quem fala pelo PSDB é o presidente do PSDB. Eu sou filiado ao PSDB e entendo que um partido democrático precisa de posições contrárias. Então, não concordo”, afirmou.

Mídia News

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