Tragédia provoca comoção e família pede Justiça em Cuiaba
Desde o dia 4 de julho passado (uma sexta-feira), após o jogo da Seleção Brasileira contra a Colômbia, pela Copa do Mundo, as famílias das estudantes Jaqueline Gandra, 19, e Karoline Oliveira, 19, mudaram a rotina diária, em decorrência de um grave acidente envolvendo as duas garotas, na Avenida Beira-Rio, em Cuiabá.
Jaqueline voltava para casa, localizada no bairro Jardim Imperial, na garupa de uma motocicleta Biz pilotada por Karoline.
Por volta de 23 horas, no momento em que a moto reduzia velocidade para passar em uma lombada, as duas foram atingidas por uma caminhonete.
Sabe-se apenas que o carro era de cor prata. O motorista fugiu do local sem prestar socorro às vítimas.
No acidente, Jaqueline quebrou as duas pernas, teve um dos pulmões perfurado e um coágulo na cabeça.
Karoline não suportou os ferimentos e morreu ao dar entrada no Pronto Socorro de Cuiabá.
Já se passaram quase dois meses e, até agora, o motorista que causou o acidente não foi identificado.
A família de Jaqueline não esconde o sofrimento, pela perda da amiga da garota e pelo fato de ela estar em coma induzido. E não se encontrou o culpado pelo crime.
“Naquela noite, minha filha saiu com a Karol e não voltou. Mais tarde, minha filha Laura atendeu a um telefonema e já ficou desesperada. Eu quis saber o que tinha acontecido, mas ela não queria me contar. Depois de muito pedir, ela disse que a Jaque tinha se acidentado. Desse momento em diante, minha vida mudou”, disse Janete Gandra, mãe de Jaqueline.
A entrevista, na semana passada, foi marcada por um clima de comoção na família, que, desesperada, clama por Justiça.
“Eu sei que, mesmo que o autor desse crime seja preso, isso não vai trazer a vida da Karol de volta, nem vai tirar minha filha do coma, de repente. Mas, quem sabe, ele nos ajuda a arrumar um hospital melhor e enxerga com olhos dele que, por imprudência, irresponsabilidade e falta de socorro, ele acabou com duas famílias” desabafou Janete.
A mãe de Karoline, Valdelice Quintino de Oliveria, disse que pressentiu a morte de sua filha, quando recebeu a notícia do acidente.
“As amigas dela me ligaram e disseram que a Karol estava mal, no Pronto-Socorro de Cuiabá. Nessa hora, eu já sentia que ela estava morta. Quando cheguei no hospital e me falaram que ela estava bem, mas que tinha quebrado pescoço, braço e perna, eu já sabia que ela tinha morrido. Daquela dia em diante, minha vida não é mais a mesma”, afirmou.
Perdão
“Eu perdoo, sim. O que esse motorista fez é algo que deve ser profundamente analisado. Mas, por que fugir? Quem sabe se ele tivesse ficado no local, minha filha e a Karol teriam reagido melhor, o resgate seria chamado a tempo e a história poderia ser outra”, disse Janete.
Ao contrário, Valdelice disse que prefere nem ver o autor do acidente que matou sua filha.
“Como eu sei que ele não vai ficar preso, eu quero é ficar longe dele. Quero que ele responda pelo crime; se ele pudesse morrer na cadeia, seria melhor. Mas eu não perdoo o que ele fez. Não quero nem vê-lo”, afirmou.
Janete Gandra disse também que quer ver o autor do crime para se sentir mais aliviada.
“Eu confio na recuperação de minha filha. Deus está comigo e, da mesma forma que ela vai sair dessa, eu quero ver quem cometeu o crime, para dizer que ele não tem o direito fugir de um caso grave. Hoje, certamente, ele está bem, mas uma das suas vítimas já morreu”, disse.
“Minha filha era tão sonhadora. E, desde então, ela não acorda, não fala, não come, respira com dificuldade e só vive sendo submetida a cirurgias. Ela sofreu muito com o acidente e, por pouco, não a perdi”, completou.
Desaparecido
A irmã de Jaqueline, Laura Gandra, chamou a atenção para uma situação que deixou a família muito mais apreensiva e preocupada.
Segundo os familiares de Jaqueline, ela só está internada no Hospital Jardim Cuiabá por conta da ajuda de terceiros, que se solidarizaram com a família.
“Após o acidente, assim que minha irmã chegou no Pronto Socorro, e não havia vaga em UTI. Precisou ir para o hospital Só Trauma e lá fez as tomografias e, por falta de médico, uma enfermeira a reanimou. Isso, já no sábado a tarde, sendo que o acidente foi na sexta-feira à noite. Mais tarde, um amigo, ao ver o pranto de minha mãe e desespero da família, conseguiu um leito no Hospital Jardim Cuiabá”, disse Laura.
Laura ainda revelou que, por enquanto, durante os 50 dias de internação, sua irmã teve uma avaliação positiva, ou seja, apresentou melhoras.
“Ela não abre o olho, não fala, não come e só dorme. Mas, teve um dia que ela apresentou melhoras no quadro de saúde. Isso nos deixa feliz e faz acreditar que ela vai sair dessa”, completou.
Investigação
Na Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran), a informação é de que o caso está sob investigação.
O andamento dos trabalhos depende das imagens do Ciosp, para analisar o momento em que a caminhonete bateu na motocicleta.
Conforme MidiaNews apurou, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o autor do acidente possa não ser de Cuiabá.
Midia News