Justiça condena advogada e mais oito que integravam quadrilha
A juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado de Cuiabá, condenou, nesta segunda-feira (10), nove pessoas acusadas de integrar uma quadrilha de assalto a bancos em Mato Grosso. O bando agia na modalidade conhecida como “Novo Cangaço”, em que pessoas eram usadas como “escudos humanos” em assaltos a bancos.
Entre os condenados está a advogada Eliane Gomes Ferreira, com pena de 2 anos e 8 meses de reclusão, substituída por prestação de serviços à comunidade.
Os outros condenados são Antonio Nilson Ribeiro da Silva, Cristiano Luiz da Silva, Orlei Pinheiro de Souza, Raimundo Nonato Ribeiro da Silva, Camila dos Santos Peixoto, Henrique Laurentino de Jesus, Basinaldo Moura de Jesus e Rayflan Douglas de Oliveira Markoski.
Na decisão, ela absolveu a advogada Jaqueline Moreira Martins Pacheco e os réus Locilo Araújo e Juliana Monteiro.
A ação era relativa a assaltos a bancos ocorridos em 2012 e investigados pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
Em um dos crimes, quatro integrantes da quadrilha invadiram duas agências bancárias – uma do Bradesco e outra do Banco do Brasil – em Comodoro (644 km a Oeste de Cuiabá) e fizeram vinte reféns, usados como “escudo” para garantir a fuga.
Por volta do meio-dia, os bandidos fugiram levando os malotes das agências (cerca de R$ 1,5 milhão) e 20 pessoas feitas de escudos humanos, para evitar a ação policial.
Na sequência, os bandidos libertaram os 20 reféns e também as duas picapes utilizadas na fuga – uma S10 preta que foi incendiada e a Nissan Frontier prata que foi abandonada.
Condenados
Os réus da ação julgada por Selma Arruda foram condenados, em sua maior parte, por associação criminosa, roubo com emprego de violência e ameaça, receptação e fraude.
As advogadas Jaqueline Pacheco e Elaine Ferreira eram acusadas de planejarem estratégias para ocultar o dinheiro dos criminosos e fazer manobras jurídicas em casos de eventual condenação dos assaltantes.
Em relação à Jaqueline Pacheco, a magistrada não detectou provas para condená-la.
Já Elaine Ferreira, segundo Selma Arruda, foi flagrada pelas interceptações telefônicas em situação que permitiu concluir que deu apoio logístico e jurídico à quadrilha, além de aconselhar um dos
integrantes.
“Os motivos para o cometimento dos crimes não ficaram esclarecidos, mas tudo indica que tenha feito simplesmente por ganância. As circunstâncias em que foram cometidos não favorecem a acusada”, disse a juíza, que condenou a advogada em 2 anos e 8 meses de reclusão, em regime aberto.
A maior pena foi aplicada a Antonio Nilson Ribeiro da Silva, um dos líderes da quadrilha, que recebeu 24 anos e 4 meses de reclusão. A majoração da punição foi motivada especialmente por ele ter usado várias armas de fogo nos assaltos, algumas de grosso calibre, além de ter feito reféns.
Outro líder da quadrilha, Cristiano Luiz da Silva, foi condenado em 22 anos e 10 meses de reclusão, por fatores semelhantes.
Restituição
Ainda na decisão, a juíza Selma Arruda determinou a restituição de bens apreendidos que foram frutos de roubo ou adquiridos de maneira ilegal.
Dentre os objetos, estão várias pistolas, um Fuzil AK 47 e munições, que deverão ser enviados ao Exército.