Opinião

O mito da nova classe média

onofreO ex-presidente Lula cunhou o mito de que na sua administração nasceu no Brasil a nova classe média, fruto das políticas de distribuição de renda. Absolutamente não é verdade. Surgiu um aumento de renda, fruto de uma série de fatores somados. Vamos apontá-los, construídos na visão de economistas competentes.

 

1 – o mundo viveu uma bolha de crescimento econômico na década de 1990 que durou até a grande crise financeira de 2008;

 

2 – no Brasil, o Plano Real deu aos trabalhadores o ganho real de seus salários, antes corroídos pela inflação. O poder de compra mantido elevou o status social e econômico de milhões de brasileiros;

 

3 – o salário mínimo que saiu de menos de 100 dólares para os atuais R$ 724 que corresponde a 3,2 vezes mais;

 

4 – as políticas de distribuição de renda puxadas por programas como o Bolsa Família. Em 2013 num orçamento federal de 3 trilhões e 200 bilhões de reais, esses programas representaram pouco mais de 21 bilhões, algo em torno de 1,09%. É muito pouco pra justificar o surgimento de uma nova classe média.

“Falta um plano de futuro e as pessoas percebem isso na sua rotina e na inflação que corrói o seu orçamento”

O fato é que surgiu uma classe média nova no Brasil entre 2004 e 2010. Dados da economia brasileira mostram até 1993 apenas um terço da população vivia na economia formal e 70% na economia informal, segundo o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES.

 

Como os resultados reais da soma desses quatro fatores aconteceram no período do governo Lula, a mudança acabou sendo associada a ele que aproveitou o discurso a seu favor com grande competência.

 

As condições gerais somadas criaram o ambiente para a elevação econômica de grandes camadas sociais que antes se espremiam na informalidade por causa do conjunto da economia brasileira.

 

Hoje as pesquisas de opinião distanciam esse novo brasileiro da ideologia governista, o ex-presidente Lula considera que eles estão sendo ingratos consigo e com sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff.

 

É que esses brasileiros estão vendo a economia deteriorar e sentem-se ameaçados. Trabalham duro e não enxergam o governo lhes garantindo segurança econômica, desenvolvimento do país, segurança social, educação para o futuro dos filhos, e não se liga mais em discursos políticos.

 

Essa é uma pesada equação que pesa sobre os governos do Partido dos Trabalhadores: a falta de perspectivas para os brasileiros. Falta um plano de futuro e as pessoas percebem isso na sua rotina e na inflação que corrói o seu orçamento.

 

Idêntico erro cometeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que colocou todas as suas fichas nos méritos do Plano Real e se esqueceu de oferecer cenários de futuro aos brasileiros. A História costuma se repetir. Às vezes, muito parecida.

 

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso

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