Soldado denuncia oficiais por tortura dentro de Centro da Polícia Militar de MT
A Corregedoria Geral da Polícia Militar investiga a queixa de um PM que acusa três oficiais de tortura dentro do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cefap) no bairro Ribeirão do Lipa, em Cuiabá. Os superiores teriam reclamado do uniforme do soldado por este motivo, ele foi levado para sala, onde aconteceu o crime.
Ao perceber que a vítima estava com uma caneta que grava áudio e vídeo, os acusados o levaram para uma sala, onde apagaram a gravação. O policial relatou na ocorrência que ficou cerca de uma hora sendo humilhado e obrigado a pedir perdão. Caso contrário “a carreira dele seria comprometida”.
O fato ocorreu anteontem por volta das 12h30min, quando o policial foi entregar o almoço para PMs do 4º Batalhão e um oficial reclamou do uniforme dele. “Se enquadra guerreiro. Se na sua unidade não tem disciplina, aqui tem”. Ele se referia à falta do gorro.
O PM explicou que, como não tinha uniforme completo, já havia pedido outro uniforme ao comandante do Batalhão e isso iria ser normalizado em poucos dias. O policial disse que o oficial não o deixou terminar a explicação e gritou com ele. “Se vira guerreiro”.
A situação mudou quando o oficial percebeu que o policial tinha uma câmera portátil em forma de caneta. “Você gravou? Você tem que gravar bandido e não policial”. Em seguida, o policial foi levado para dentro de uma sala não sendo permitido que o colega do PM entrasse no ambiente.
Além do policial e do oficial, entraram mais dois oficiais na sala. “Eu era assediado por todos para que eu pedisse perdão. Além de ter que apagar a gravação, eu era ameaçado de ser expulso por insubordinação”. A partir da eliminação das provas, o policial foi liberado para voltar para Várzea Grande.
O caso agora vai para a Corregedoria Geral da Polícia Militar, onde será investigado. Alguns policiais disseram que a gravação ainda pode ser recuperada, pois trata-se de um equipamento com esse tipo de dispositivo.
Como a ocorrência foi registrada num posto de ocorrência comum, outros policiais tiveram acesso às informações, deixando todos indignados. A Corregedoria deverá ouvir os envolvidos nos próximos dias.