Polícia

Com 334 homicídios por ano, famílias da Grande Cuiabá pedem Justiça

imagesNos últimos oito anos, de acordo com dados da Polícia Civil, quase 2,7 mil homicídios foram registrados na Grande Cuiabá, uma média de 334 mortes por ano. A polícia afirma que consegue identificar 76% dos envolvidos. Mas, para quem tem alguém na família vítima da violência, saber quem é o criminoso nem sempre é garantia de Justiça.

 

“Cada dia que passa é um tormento. A gente só passa essa situação difícil chorando. Principalmente minha esposa. Ela chora todos os dias e a Justiça não faz nada. Só quem é pai e mãe para saber como é isso”, disse o comeciante Júlio Gonçalves. “É difícil pra gente que não tem alguém pela gente”, acrescentou.
A filha dele foi assassinada em 2012 e o corpo foi encontrado num campo de futebol no bairro CPA 3, na capital. Na época, um suspeito foi preso.  Mas, hoje, ninguém responde pelo crime. A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), porém, informou que as investigações continuam, já que o exame de DNA descartou o envolvimento do suspeito no caso.
“O meu pai, com a morte do meu filho, sofreu tanto que perdi meu pai agora, no final de janeiro”, afirmou o motorista Euzébio Dias. O filho dele foi morto perto de casa há um ano, em Várzea Grande, na região metropolitana, durante uma briga. A vítima, na época com 18 anos, foi esfaqueada. Dois suspeitos foram identificados, mas até hoje não houve julgamento.
O fato dos responsáveis não terem sido punidos tem impacto negativo para a população, afirma o presidente da Associação das Famílias Vítimas da Violência. “O reflexo para a sociedade é o pior possível, porque com essa sensação de impunidade, as pessoas acham que vale a pena praticar um crime”, disse Heitor Geraldo Reyes.
Para o sociólogo Naldson Ramos Costa, especialista em segurança pública, o número de crimes hoje deveria ser menor do que no passado, já que o gasto com segurança aumentou. “Políticas públicas como por exemplo esporte e lazer, educação, saúde, trabalho, renda e qualificação profissional. É isso que inibe, em grande parte, os jovens de ingressarem no mundo do crime”, declarou.
Nas investigações, ele aponta a falta de parceria entre as polícias como um dos maiores problemas para garantir uma boa investigação. “A gente pensa que é preciso fazer uma reforma na Constituição [Federal] no sentido de estabelecer que o ciclo completo de polícia seja definido e que crie então a possibilidade de uma carreira única dentro da polícia. Com o ciclo completo e uma carreira única, nós vamos com certeza aumentar a eficiência e a eficácia dessas ações”, acrescentou.
João Gabriel Silva Tirapelle é advogado e acompanha o caso da prima dele, que foi assassinada no fim de janeiro deste ano. Andréia Canuto Tirapele Carreira da Silva foi encontrada morta dentro do porta-malas do carro da família, no distrito da Passagem da Conceição, em Várzea Grande. Ao longo da investigação, a familia percebeu demora para a realização de pericias, laudos e outros exames.
“Hoje não se busca averiguar se fulano está certo, se o judiciário está errado, se o procedimento adotado é burocrático demais. A família, que é a vítima, não quer isso. Ela só quer achar o culpado”, declarou.
G1-MT

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