Cuiabá investe R$ 2 mi para atender imigrantes; só haitianos são 3 mil
O secretário de Assistência Social de Cuiabá, José Rodrigues, reclama da falta de apoio do Estado e da União para atender o grande fluxo de imigrantes haitianos e senegaleses que Cuiabá tem recebido desde o ano passado. A ajuda financeira prometida pelo Governo Federal vai chegar depois da Copa quando o problema já vai estar agravado.
A Prefeitura de Cuiabá tem investido R$ 2 milhões por ano de recursos próprios para estes atendimentos e ainda não dá conta da demanda, tendo que recorrer a parcerias com ONGs. Conforme o secretário, não há números oficiais de imigrantes ilegais no município, por falta de mapeamento da quantidade de pessoas vindas de Senegal, na África Ocidental, mas há quase 3 mil ex-habitantes do Haiti, na América Central, somente na Capital. No ano passado, a assistência social do município fez 2 mil atendimentos a haitianos e entre os meses de janeiro a abril deste ano foram mais 800.
A prefeitura faz abordagem dos estrangeiros para verificar a situação e os encaminham à Pastoral do Migrante ou a um dos três abrigos que funcionam em Cuiabá. Lá eles recebem alimentação e vestuário. Depois é regularizada a documentação para serem capacitados e encaminhados ao mercado de trabalho formal. Grande parte desse pessoal está trabalhando como vendedor ambulante e está desabrigada.
Não é fácil um estrangeiro conseguir visto de trabalho no país, muitos são extraditados. Acontece que a permanência desse pessoal se torna mais fácil quando entram no país na condição de refugiados. Os haitianos foram melhor aceitos pelo Governo Federal por causa de uma questão diplomática e humanitária. Até hoje o Haiti sofre os efeitos do terremoto que ocorreu em 2010 e devastou o país. Conforme a ONU, a tragédia deixou entre 250 a 300 mil mortos, mais de 300 mil feridos e 1 milhão de desabrigados. As famílias ainda não possuem condições dignas de vida e para se sustentar dependem do dinheiro que os pais, maridos e parentes mandam do Brasil.
Mesmo sem registro de guerra e tragédias naturais, os senegaleses também enfrentam no continente africano alto índice de desemprego e em busca de melhores condições de vida estão entrando no Brasil pelo Acre. Têm acesso facilitado com a tríplice fronteira Brasil, Bolívia e Paraguai. Desde 2010, quando começou a receber haitianos, o Brasil passou a atrair a atenção de outras nações pobres, ter fama de país acolhedor e em desenvolvimento – conforme entrevistas concedidas pelos haitianos que estão no Rio Grande do Sul.
Enquanto o pedido de visto de refugiados tramita na Polícia Federal, eles passam a ter o direito a tirar carteira de trabalho e a entrar no mercado formal. Uns tem boa formação educacional, possuem curso superior, mas sem o visto eles se veem obrigados a atuar em trabalhos braçais e que não exigem tanto estudo como pedreiros e serviços gerais.
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