Em defesa dos aposentados
Existem assuntos no Brasil que são eternos e infelizmente estes mesmos assuntos de suma importância afetam diretamente o cidadão, não aqueles mais abastados economicamente, mas a grande maioria.
Se puxarmos a fila de reclamações é claro que a inflação e a carestia lideram o ranking, mas gostaria de chamar a atenção para uma categoria da qual inexoravelmente a quase totalidade de nós ou é pertencente ou irá pertencer, que são os aposentados.
A Igreja Católica, através da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, entidade que está entre as mais respeitáveis e com reconhecida força até mesmo política, vai retomar a defesa dos aposentados e pensionistas que após deixaram a condição de trabalhadores ativos passam para a inatividade e se tornam menos interessantes para a própria sociedade, o que dirá para governantes.
‘São milhões de pessoas, infelizmente marginalizadas e que são tratadas como incômodo para a sociedade e para os governantes’, lembrou um padre durante sua fala na missa do último domingo em Cuiabá.
A ideia da CNBB é defender junto ao Congresso Nacional e junto à presidência da República que haja um tratamento igualitário para os aposentados e pensionistas que muito contribuíram e ainda contribuem para o Brasil e para os estados e municípios.
O assunto a que me referi no início desta singela contribuição é justamente a falta de esforço e dedicação das autoridades em definir uma política realmente condizente com a situação dos aposentados, pois de nada adianta cuidar das crianças se não respeitarmos os nossos antepassados, ou aqueles que geraram o presente e o futuro.
O respeito para com quem contribuiu e muito para a consolidação do país não pode ficar apenas na questão salarial que beira míseros valores, graças a uma política onde o salário para quem recebe não serve para custear as despesas, mas para o patrão que paga é um pesado fardo graças aos pesados impostos, taxas e contribuições.
A Igreja nada mais quer do que dignidade no trato com as pessoas, principalmente os idosos, pois temos ao mesmo tempo que cuidar do passado para que possamos cuidar melhor do presente e do futuro.
‘Não adiante respeitar o padre por ser ele representante da Igreja, se não se respeita a pessoa e a idade do padre, que é um homem normal, assim como todos os idosos, e pode também se tornar um idoso’, disse o padre durante o sermão.
Fica então a lição de que não podemos, como fazem todos os governos e parece que os atuais também continuarão a fazer, protelar a questão previdenciária e não encontrar soluções que levem não apenas em consideração o salário, o recebimento, mas a dignidade, a humanidade, o respeito e a dedicação, pois ninguém pode se esquecer de que nós, de hoje, seremos os aposentados do amanhã!
MARCOS LEMOS é jornalista do Diário de Cuiabá