Polícia

Funcionários aplicam golpe de R$ 6 milhões em factoring de Cuiabá

Cheques de baixo valor eram emitidos para despistar dono de empresa

6ad6921065aa941581183ec19d02b5e5Uma fraude recorrente praticada ao longo de oito anos por dois funcionários da JVP Factoring, de Cuiabá, e supostamente com a participação ou omissão de bancários do Bradesco abriu porta para que aquele banco pagasse cerca de 1.500 cheques fraudados da JVP, que causaram um rombo superior a R$ 6 milhões no caixa daquela factoring.

A factoring comunicou o fato ao Bradesco pedindo esclarecimentos, mas o banco não se pronunciou. Paralelamente a essa medida a fraude foi denunciada pela JVP ao Banco Central, Procon Estadual em Cuiabá e à Polícia Civil.

O advogado Marcelo Figueiredo, que representa a factoring, explicou os mecanismos da fraude. Segundo ele, o então funcionário do setor financeiro da JVP, José Honório Dantas de Souza, que era encarregado da impressão dos cheques movimentados na agência 1966 do Bradesco em Cuiabá, desviava algumas folhas diariamente ou em dias alternados

Com as folhas em branco ele providenciava a falsificação da assinatura do presidente da JVP e alguém a seu mando sacava no caixa do banco os valores emitidos. José Honório tinha – acrescenta o advogado – o cuidado de não emitir cheque com valor igual ou superior a R$ 5 mil, pois temia que funcionário da agência ligasse ao emitente para confirmar a emissão, o que não acontecia. “A fragilidade da segurança bancária em verificar a autenticidade ou não da assinatura do cliente e a omissão em não confirmar a emissão do cheque com o emitente, foram decisivas para que tudo isso acontecesse”, analisa o advogado.

A prática recorrente da fraude baixou a guarda de José Honório e ele passou a depositar cheques fraudados da factoring na conta corrente de sua mulher, Leiliana Machado Azevedo, na Caixa Econômica Federal, “Constatamos uma movimentação em torno de R$ 3,5 milhões na conta dela”, acrescenta o advogado.

A partir de então, o pagamento dos cheques fraudados era feito tanto na boca do caixa quanto pela câmara de compensação, sem que o banco confirmasse a emissão com a JVP. Em junho de 2013 José Honório resolveu testar a fraude sobre valores mais elevados.

Naquele mês ele depositou na conta de Leiliana um cheque de R$ 9.950 e o banco não telefonou ao cliente para confirmar a emissão, porque somente o faz com valores acima de R$ 10 mil. A porteira estava escancarada para os cheques fraudados subirem para até R$ 9.999.

Em 2014 uma auditoria interna na factoring descobriu a fraude. José Honório e outro funcionário foram afastados, o banco foi comunicado e a JVP lhe pediu esclarecimento, mas nenhuma resposta foi dada. Porém, a partir da comunicação o Bradesco passou a confirmar a validação ou não dos cheques emitidos pela factoring.

Até então, na microfilmagem dos cheques não havia nenhuma citação às comunicações. Após a mesma, a microfilmagem mostra no verso das folhas de cheque o carimbo que confirma o pedido de informação feito pela agência ao cliente. “O Bradesco passou a confirmar a emissão dos cheques e essa medida impede que novas fraudes aconteçam. Porém, quanto ao prejuízo superior a R$ 6 milhões, considerando-se apenas a soma dos cheques, o banco não se pronuncia nem assume responsabilidade”, questiona o advogado.

O Diário entrou em contato com a Gerência Regional do Bradesco em Cuiabá para ouvir o banco sobre o fato e aguardou durante cinco dias para falar com seu titular, Daniel Kiefer de Araújo. Por telefone, uma secretária de Araújo disse que o banco não se pronunciaria sobre o caso da JVP Factoring. José Honório e Leiliana não foram localizados.

Indiferente ao silêncio do Bradesco, a factoring aguarda pela manifestação do Banco Central, o desenrolar do inquérito policial e o posicionamento do Procon.

Fonte: FolhaMax

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