Globo em MT revela grampo entre desembargador e ex-governador
Gaeco fez interceptações durante “Operação Ouro de Tolo”
Reportagem divulgada na noite de hoje pelo programa MTTV 2ª edição de Mato Grosso (Rede Globo) denunciou um suposto tráfico de influência do ex-governador de Mato Grosso, Silval da Cunha Barbosa (PMDB), junto ao Tribunal de Justiça. Gravações de conversas telefônicas feitas pelo Gaeco (Grupo de Apoio e Combate ao Crime Organizado) mostram o ex-governador tentando um suposto apoio do desembargador Marcos Machado para tentar soltar a esposa e ex-secretário de Trabalho, Emprego e Cidadania, Roseli Barbosa, que foi presa durante a “Operação Ouro de Tolo” no mês passado e foi solta por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Os áudios mostram que, um dia após a prisão da esposa por fraudes de R$ 8 milhões na contratação de cursos de qualificação, Silval pede a um dos seus advogados para articular a soltura junto ao Judiciário. “Tem que fazer o trabalho lá”, diz Silval ao jurista não-identificado que responde: “Vou fazer e conversar vendo a distribuição. Isso não tem dúvida de que será feito”.
Poucas horas após a entrada do processo, um telefone registrado em nome do Tribunal de Justiça e utilizado pelo desembargador Marcos Machado liga para Silval. No entanto, o ex-governador, após receber um “Bom Dia”, diz que não pode atender por estar num elevador.
Segundo a reportagem da Globo feita pelo repórter Alex Barbosa, as interceptações mostram que Silval Barbosa atuou nos bastidores para tentar a esposa. “Estamos ai aguardando caso precise de algum diálogo. Isso é importante. De forma objetiva, vamos dar uma conversa particular para contribuir com alguma posição”, diz o magistrado, sendo que Silval se limita a dizer “obrigado e ok”.
A época, o pedido de habeas corpus de Roseli Barbosa acabou sendo distribuído ao desembargador Rondon Bassil, que negou a liberdade. Em seguida, uma nova ligação entre Marcos Machado e Silval Barbosa é flagrada. “Só para te dar o retorno. Não foi assim o ideal”, comenta o desembargador, sendo que Silval mantém as mesmas respostas.
A TV Centro América chegou a ligar no telefone do desembargador questionando-o sobre tráfico de influência. Oriundo do Ministério Público, Marcos Machado explicou que possui um relacionamento pessoal com Silval Barbosa que assinou sua nomeação ao cargo de desembargador.
O magistrado ainda considerou uma ofensa a acusação feita pela afiliada da Rede Globo no Estado. “Não estou vinculado ao processo e não sou relator de nenhum caso. Isso é uma ofensa”, comentou.
CASAL
Roseli Barbosa hoje se encontra em liberdade condicional por decisão. Outros presos na “Operação Ouro de Tolo” também conquistaram a soltura.
Já Silval Barbosa está foragido da Justiça. Ele ingressou na tarde de hoje com um pedido de habeas corpus que está sob análise do desembargador Alberto Ferreira de Souza.
FolhaMax