Polícia

Grampo da PF revela suposto esquema com obras da Copa

d1b438f89fb2010e0dd665edd21eae9fAs investigações da Operação “Hybris”, realizadas em 2013 e que acabaram com um grande esquema de tráfico de drogas em Mato Grosso, devem gerar desdobramentos e chegar a outra operação da Polícia Federal no Estado de Mato Grosso – a “Ararath”.

As citações que podem evidenciar crimes de lavagem de dinheiro público já estão, inclusive, com os delegados responsáveis pela investigação da Operação “Ararath”.

Nas interceptações realizadas na Operação Hybris, através do monitoramento de troca de mensagens em aparelhos da marca BlackBerry, foi descoberta a negociação em que o doleiro Gilberto de Oliveira, que tem empresa de câmbio em Pontes e Lacerda (448 km a Oeste de Cuiabá), intermediando uma suposta a operação para troca de R$ 80 milhões por dólares americanos.

A suspeita que recai é que a fortuna teria sido oriunda de propina paga para as obras da Copa do Mundo, realizada em junho de 2014, em Cuiabá.

O conteúdo das mensagens obtidas com exclusividade pelo FolhaMax detalha que a operação havia sido solicitada por uma pessoa identificada apenas como o “Cara da Copa”.

“No dia 23 de maio, Gilberto Oliveira pergunta a Carlos Virgílio, ‘Ca’, se o doleiro de sua confiança possuiria dólares guardados (estoque). ‘Ca’ declara que não, pois o mesmo necessita buscar em algum lugar. Declara ainda que recebeu a informação (puxou a capivara) de que o indivíduo em que estariam negociando a troca dos dólares pertenceria de família muito rica de Cuiabá”, diz trecho do relatório da PF.

Como não tinha movimentação para realizar a transação de alto valor, Gilberto Oliveira chama Carlos Virgílio da Costa, empresário de Pontes e Lacerda, oferecendo comissão de 2% para ingressar no esquema, já que ele conhece um doleiro em Cuiabá que movimenta até R$ 1 milhão por dia.

Os policiais acreditam que o doleiro de Cuiabá a quem Gilberto e Carlos se referem é Valde José Barros, que realizaria movimentações de até R$ 1 milhão por semana ao suposto líder da quadrilha de traficantes, Ricardo Cosme da Silva, o “Superman”.

Gilberto Oliveira teria vindo a Cuiabá fechar a negociação com o “Cara da Copa” no dia 24 de maio de 2013. Ele ainda pediu a Carlos Virgílio que negociasse a compra de dólares em valores baixos para que pudessem obter lucro maior.

No relatório, a Polícia Federal destaca que Carlos Virgílio possui uma empresa de locação de veículos em sociedade com Eduardo Matias, preso em abril de 2013 na “Operação Comboio”, deflagrada para combater o tráfico de drogas.

Além disso, o próprio Carlos foi preso em abril de 2014, na região de Porto Esperidião (326 km a Oeste da Capital), atuando como batedor de um carregamento de cocaína. O relatório da PF não informa maiores detalhes sobre o desdobramento da investigação sigilosa.

Conexões

Deflagrada na última semana, a Operação Hybris combateu um esquema de tráfico de drogas que movimentava cerca de R$ 30 milhões por mês.

Ao todo, foram expedidos 40 mandados de prisão, sendo 36 preventivas e quatro temporárias.

A quadrilha ainda é suspeita de lavar dinheiro do tráfico, com criação de empresas que venceram licitações em prefeitura de Mato Grosso.

Já a Operação Ararath investiga um suposto desvio de R$ 500 milhões de dinheiro público no Estado.

Com sete fases realizadas, políticos, empresários, advogados e servidores públicos são investigados pelas fraudes. Até o momento, apenas o ex-secretário Éder Moraes está preso.

Um das investigações diz respeito a desvios de dinheiro de obras da Copa, especialmente o VLT.

Em depoimento ao Ministério Público Estadual, antes de ser preso pela primeira vez, Éder Moraes relatou aos promotores do Gaeco (Grupo de Ação e Combate ao Crime Organizado) que receberia propina referente às obras da Arena Pantanal e do VLT.

Todavia, os valores não teriam sido repassados a ele. Mais tarde, Eder fez uma retratação pública e disse que a delação havia sido feita num momento de forte emoção”.

Mídia News

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